23 de dezembro de 2009

Relato breve e posterior


Ela saiu de cena sorrindo. Olhou para as mãos que permaneceram firmes durante todo o espetáculo e sentiu uma saudade imensa dos minutos anteriores. Quando ciente da realidade, vestiu um roupão de seda e voltou ao palco para agradecer.

As lágrimas lhe caíram como uma água qualquer que lava a alma. E ela se sentiu plena. Quando saiu do placo novamente foi correndo ao camarim, parando vez por outra para abraçar os técnicos e os demais artistas. Chegou lá dentro de vinte minutos, com uma garrafa de champagne que catou pelo caminho.

Abriu a porta em disparada. Olhou para um rapaz que estava fumando sentado na bancada do espelho e sorriu. Ele deu um grito:

- Ma-ra-vi-lho-so! Ouvi comentários de que você nunca esteve igual.

- Jura que você gostou?

- Eu amei! Você tava inteira, tava perfeita, tava reluzente e... linda.

Ela olhando para ele solta outro berro. Tira o cigarro de sua boca e o beija. Quando um grupo abre a porta novamente, os dois cessam.

- Uh! Sexo pós-espetáculo - diz uma baixinha que corre para abraçá-la - Você tava como nunca! Ou como sempre. Eu já nem consigo descrever o que eu sinto...

As duas riem. A atriz traga o cigarro e o apoia no cinzeiro. Pega um copo de champagne e brinda com o grupo que povoa o camarim antigo.

- E meu corpo? Deu pra ver?

- Eu bem que tentei - solta um homem altíssimo que a abraça profundamente - mas a cortina não era completamente transparente.

- Não venha querer reclamar... Você que já o viu tantas vezes!

Riso geral. É assim que morrem os momentos de felicidade, que nascem nós nem sabemos como. Eu sei que a consciência saiu daquele lugar e veio aqui lhe contar essa história.

14 de dezembro de 2009

Durante um chat PUC


Temeroso e a verdade das coisas


Já conheceu o senhor Temeroso?

Ele mora pra lá da consciência,

e foi ele que inventou a diferença

temido do mundo que nada muda.

Esse senhor é um baita de um medroso

Temeroso quer mais é alguém que o acuda.


Ora Temeroso, todos somos acudidos

pelos amigos pretos ou brancos

covardes ou francos

me diga então qual é

a diferença do crocodilo e o jacaré?


O senhor que inventou essa lorota

e todo mundo acabou acreditando.

Tudo bem, que tem diferença que a gente tem

e eu até que prefiro ser igual a ninguém.

Mas vai dizer que isso mesmo importa

quando o mundo muda quando agente amando?


E ninguém mais acreditando,

quando amando eu admito

ser leal é ser leal

ser fiel é ser fiel.

E eu amando, quanto minto;

quem gosta inventa mito.

Covarde que é, quer ser mal,

e o outro se vinga sendo cruel.

Pra no fim ninguém ser leal, nem fiel.


Prefiro todo o calor

a sinceridade do momento sem medo

pra ser inteiro, não ser ilusão.

Um dia, pra Temeroso, a grande revelação:

Todo mundo é diferente e igual

Fiel e leal.

De verdade o que vale é quão calor, quão amor.

Pra no fim descrição ser esqueleto,

alma amor e limite um pudor.


8 de dezembro de 2009

Muitos diálogos: Pode contar até trinta



Ai de ti! Achou que muito me conhecias e o muito é pouco pra ti. Nada me conheces. Estou na próxima página fazendo mistério pra outros perdidos.


Como vai? Sinto uma nada falta. Sou diferente daquela do minuto anterior. Sou incogniscível. Mistério puro, sem mistério algum. E vou lhe revelar;


Que coleciono as pedras, os bombons, um tanto de cetim. Nada de presente, tudo em minha cabeça, tudo fantasia. Vou me transformar numa que não sou e todo mundo vai acreditar.


Menos você. Que eu já te contei tudo. Que eu vivo de fingir e que é o que mais gosto. Que nada me algema, nem nada me enlaça. Mas tudo me prende e me devora. Quero as tais prendas que me prometeras...


Prometeu? Nada me prometeu. Em mim não há Prometeu, só a loucura. A alucinação de que nada é como quero e tudo deveras ser. Nosso compromisso é uma insanidade que conforta e inquieta. O comprometimento é uma lástima. Me torna mais sã; aos olhos dos cegos mais louca.


Porque ninguém compreende o sentimento. Todos buscam bem-ser ao invés de bem-estar. Talvez esta seja a chave do amor. Ainda digo tantos sim quanto posso. Os meus conhecidos acham que digo de mais, mas eles que dizem de menos. Menos noitadas boas então.

(risos capciosos) Pra que a meia luz? (risos que intimidam)

Porque é melhor assim. Bom seria se me imaginassem exatamente como sou... Sei, no entanto, que na penumbra descobrem outras silhuetas que não as minhas. Viro rival desta aqui que sou. Sobrevivo cantando coisas bonitas, cantando quem me possui.

Esse papo libertino camufla bem meu bem-estar. E vira meu bem-ser. Daí escrevo muito, pra que todos acreditem que são um; e o único. Que na verdade são; não faz mesmo diferença. Meu folhetim é infinito de páginas.


4 de dezembro de 2009

Muito de mim; pouco pra ti

Ditos largados de poucas

e boas prosas

encantam tanto;

sob condenação não sei

me expressar mais.


São loucas

e soltas todas as nossas;

o encantamento é tal que o pranto

é excitação e eu ...

,troco rimas,

me desespero.


O saber que sei pouco

tanto sabes

que no encalço de uma angústia íntima

de um quase pudor

faço um nó de vergonha em mim.


Desatá-los-ia

em meu sonho

entre trovas de um belo cantador;

que és.

Não sou digna de sensibilidade tamanha.

Mas me desfaço em amor

desfazendo rimas

perfazendo ardor.

3 de dezembro de 2009

lembrando até do que eu não vivI

Estática em frente à tela do computador. Acumulando estudo e trabalho pra bisbilhotar um passado fresco. Frescor do tempo é engraçado; tanto graça quanto o tempo, parece o geladinho do ar-condicionado que já foi desligado faz uns quinze minutos. Por ironia, em mim, essa brisa só aquece o coração. Nada muito forte. Apenas o gosto de recordar.

Há uns meses era de pelar. Por que procurar a cura de um mal que quer ser a cura de sí? Pensar não é libertador. Sentir é ser. Fico feliz com a liberdade de sentir e ser e pensar que não tinha há muito tempo.

Não obstante sobraram linhas bonitas e frases inversas que só eu guardo na minha caixa de e-mails. É como tirar velhas caixas do depósito (velhas analogias da mesma mente) pra rir e lembrar e guardar. E voltar feliz pra realidade cacheada que não responde minhas mensagens.

Sobram trechos... superáveis, e especiais.

"Quero renovar uma coisa que eu não sei o que é, mas que me faz digitar cada letra no exato momento. E estou desejando algo que com certeza me levaria à igreja para pedir perdão se eu acreditasse nessas coisas. Prefiro continuar desejando essa coisa! Prefiro ser bem má assim ou só autêntica. Não sou de desistir das coisas, só de um jogo qualquer de damas." (26 / 12 / 2008)

27 de novembro de 2009

Metodologia do processo inspiracional

Prefiro escrever raivosa. O amor não me inspira tanto. Um amor perdido me inspira muito mais.

Ora, que constatação mais feia! E a pura verdade. A não ser pelo fato deu sentir e não escrever e sentindo, não esquecer, nem ter tempo pra escrever, nem pra mim, nem pra ninguém. Mas acho que isso que eu sinto é paixão. A sede de inspiração é amor. É quase contradição (dessas que ninguém resiste).

Gosto muito é de manter a discussão. Dar voz aos outros e falar demais. Aí também tem inspiração. Tem troca, tem ânsia e frio na barriga.

Ora, e que barriga mais friorenta a minha! Vou te contar que me jogo muito e nunca o suficiente. [que é suficiente?] Posso pular de um muro imenso e cair rindo lá embaixo. Posso me sentar no meio do muro, tentando me equilibrar, com muito medo de pular, curtindo o friozinho. No fundo sou mariquinhas também. E quem não é?

É, de certo é paixão mesmo. E paixão pode até me inspirar... Pois não sufoca e não liberta. Fica lá no meio do muro; dando frio na barriga.

Um dia eu pulo. Eu to só tentando conquistar o muro...

24 de novembro de 2009

Campeã no pique-esconde

Deixe já de presumir a verdade das coisas, porque o que incomoda é que elas são todas alteráveis.
Eu vou estalar meus dedos malestaladamente e toda a gostosura da famosa jujuba vermelha é nada perto do risco desconhecido da bala que explode na boca.
Eu vou estalar meus dedos malestaladamente e você quer todo o medo do escuro.
Eu vou estalar meus dedos malestaladamente, vão contar até cem rápido e agente procura um lugar pra se esconder.
Corre!

Fausto

Estou exausta. Falta tempo pra trabalhos, ensaios e provas; sobra tempo pra inspiração e paixão.

Este é o início de uma longa história. Acreditem.


...


Grades na varanda do mundo. Um cenário composto de contradições. Nada devia separá-lo do abismo lá de fora. No entanto, ali estava sua foto mais recente revelada em branco e preto. A saída de seu quarto pro horizonte, pro mar lá na frente, pra areia, pra pedra, pra grande pedra.

Fausto era seu nome; indiferente ao apelido de Dado. Nem ele sabia se era Dado ou Fausto, dentro ou fora, da grade. Era médio, todo médio. Por vezes sonhava em ser todo grande, mas lá estava ele pequeninho na imensidão. Covarde do mundo; todo dourado na quarta-feira de cinzas.

Tudo dourado. Ele era folião desde criancinha, mas tinha que devolver um livro na biblioteca. Ainda ia pagar multa de dois e cinqüenta. Mas lá vai... A bibliotecária ia estar lá só pra receber seu livro, no feriado, era pra rezar. Ele só não foi de joelhos porque preferia a lambreta que tinha. Foi voando. Queria que fosse de verdade.

Chegou sete minutos atrasado, com a cara da Dona emburrada. Ela parada na porta, batendo o pé, confabulando o quê que um moleque daquele ia querer com Machado de Assis. Mal sabia ela que ele era dos mais eruditos. O tempo fechou quando ele lhe disse que não tinha trocado e entregou duas notas de dois. Ela batia o pé mais acelerado; deu vontade dele tirar uma foto, ou uma arma e dar um tiro nela.

Sugeriu que ficasse de crédito. Ela disse “você nunca mais aluga livro aqui”. Ele disse “não saio daqui sem meu troco então”. A velha arrancou-lhe o livro da mão. Ele nunca tinha tido uma arma, era contra a violência, mas olhe bem! Ela tirou um livro gordo e velho da bolsa e disse que ele ficasse com aquele de troco. Ponto final.

Ele voltou puto pra casa. Tava deitado na cama olhando a foto, com o livro feio do lado. Mesmo que ele tivesse uma arma não atiraria. E se ele tivesse ferramentas a grade não tiraria. E se ele tivesse na beira certamente não pularia. Ora... Ele pegou o livro.

Descobriu que estava todo rabiscado. Não teve coragem de rasgar. Era um covarde por completo. Sem salvação. Sem a namorada que tinha viajado pra Búzios com os primos. Sem ninguém, com o bloco na rua e o livro feio do lado. Sem saco, começou a ler.

17 de novembro de 2009

Volta e meia na Lagoa

De João Brandão. No Tablado. Dias 19 e 26 de Novembro. Às 20:30. Entrada gratuita.

Apareçam!

9 de novembro de 2009

? Mata essa charada

Madrugada Azul sem luz
Dias de brinquedo
Linda assim me veio, e eu me entreguei
Inocente, mente, como um selvagem
como brilho esperto dos olhos de um cão

Amor, amor
Diz que pode depois morde pelas costas sem querer

Amor, amor
assim feito um leão caçando o medo

Meu caminho nesse mundo eu sei vai ter um brilho incerto e louco
dos que nunca perdem pouco
nunca levam pouco
Se um dia eu me der bem
vai ser sem jogo

é

Amor, amor
fiel me trai e me azeda
me adoça e faz viver
Amor, amor
eu quero só paixão
fogo e segredo

...

Como não tenho tempo (e em tempos de irracionalidade compulsiva, oprimida pelos anceios loucos que não quero refrear) resolvi buscar o poeta para a satisfação individual.

Quem matar primeiro ganha um Bis!

obs.: instiga

23 de outubro de 2009

ela não é princesa, nem ainda é

Sem criatividade para o título desse...
Quero paz. Continuo pedindo desculpas; sabendo que não tive intenção de fazer nada além de literatura.


...


Eu estava escondido na borda da cama, quando ela levantou as pálpebras e olhou pra mim como se nada visse. Esfregou os olhos, esticou as pernas, seus lindos pés descobertos finalmente. Aguardei todo o dia por aquele momento. Só às nove ela levantou.

Despiu a blusa a larga, a lingerie. Nua não era como as outras; era tão branquinha que dava medo. Pegou um rádio velho e saiu. No quintal um tapete quentinho, uma lona vermelha e um balanço. ela olhando pra Lua que lhe entregou um vestido:

- Não tens vergonha?

- Morrerei sem ela. No entanto não sei bem o que tenho e o que não tenho. Nem me conheço.

- Estás linda como nunca.

- Só posso aceitar isso.

Tomou o vestido. Se fizeram uma fita e dois grampos também. A Lua branca, ela branca, o vestido verde, a fita verde e um rabo-de-cavalo nada sensual. Ou totalmente. Pus sem que ela notasse quatro copos no balanço.

Naquela noite caíram duas chuvas: uma de tulipas e outra de groselha. ela ligou o rádio e aos acordes de um baixo triste ia catando as tulipas. Procurava algo em seu interior minuciosamente; eu ia lhe entregar uma lupa, quando bateram na porta. De uma só vez. ela começava a ficar aflita procurando a possível tulipa premiada.

Eu maluco procurei também. Encontrei de primeira uma chave velha, ela arrancou da minha mão, quase me feriu. Abriu a porta, depois de muito tempo e da única batida. Era um casal; Ela estonteante; Ele cego não largava suas mãos:

- Onde viemos jantar?

- Não vamos nos demorar. Venho trazer um presente.

- Para quem?

- Ninguém. Você não consegue mais vê-la.

- Acho que só vejo você.

- E somos felizes não somos?

- Muito.

ela depositou a tulipa premiada num dos quatro copos de groselha e ofereceu os outros três. Eles brindaram, estavam felizes. Até que a Lua anunciou a Hora dos presentes. ela envergonhada nada tinha. Tinha só seu vestido, sua fita, seus grampos, nem a tulipa mais... Arrancou tudo, quase rasgou. Entregou na mesma hora pra Ela. Tinha muita vergonha!

Ela era serena. Dava pra notar. Tirou de uma capa um aquário com um peixinho. O pôs em frente aos seus olhos castanhos e viu os piedosos verdes dela imensos. De pavor, de compaixão, ela era muito confusa. Estendeu belos braços e deu-lhe o presente.

ela tremia tanto as mãos que lágrimas tiveram que repor a água jogada fora pela sua atrapalhância. Como estava feliz. Como estavam. Bebiam groselha infindávelmente e trocavam palavras bêbadas sem álcool, palavras tão bonitas que eu tinha inveja. A inveja a todos consome. Até à mim que não existo. Ou só existo pra ela.

Deram oito da manhã. ela estava triste porque o lindo casal ia embora, não queria que eles a deixassem sozinha, agora sem a Lua. ela nem me viu trazendo uma manta durante a noite. ela sentia que não sentia nada por eles, mas sentia tanto. Não tinha inveja, mas tinha orgulho. Orgulhosamente poesia.

ela se encontrou. Ela se despediu, estava na hora de viajar. Acompanhou eles até a porta, eu a escancarei. ela trazia seu presente rindo, com todos os sisos. Só podia sorrir para Ela, porque Ele não a via.

Foi então que enfiou suas mãos pra retirar o peixinho, que adormeceu no ar; bateu no chão duro e não sentiu nada. Ela compreendeu tudo muito rapidamente e bebeu num gole só a água, sem mais lágrimas. Deu pra Ele um áquário de presente. Saíram andando, de mãos dadas, de verdade. ela sabia o quanto a realidade era invejável.

Eu chorei muito quando ela fechou a porta e pôs a música no último volume. Nem me via, nem me ouvia, nem ao menos me ofereceu o copo fervente de groselha. Olhou para o peixe no chão.

"Bendita é a vida que eu não enxergo. Cega não sou. Queria ser cega de amor, como os amigos.
Bendito são os amigos e a vida, que se casam trazendo rebentos, poemas, fragmentos que eu não canso de enunciar. Sou inspiração somente." Disse ela.

Catou o peixe. Acariciou. Se acariciou. Eu queria ser o peixe. Eu queria ser a tulipa que ela tirava do copo e passava nos lábios. Jogou o peixe na groselha ardente. Peixinho estava muito bem. ela estava quente. Eu estava ali. ela me viu:

- Tem fogo?

19 de outubro de 2009

Show de mãe e filha

Já dizia ontem Alcione no Irritando Fernanda Young que a inveja é palpável. E como é.

Na era digital ela é um post de um blog sem comentários.


...


Brevemente,

ontem fui a um show com a mamãe. Como são maravilhosos esses momentos.

Preciso dividir com vocês que mamãe ouvia Lápis de Cor enquanto eu estava na barriga. Eu cresci e meus desenhos eram a música. Ah... Pegadinha de Deus pra eu ter fé. E eu tenho. Fico todo arrepiada.

A mamãe chora do meu lado ouvindo a música no show. Eu limpo rapidamente as lágrimas de medo deu não ter ela um dia. Porque meu mundo, foi ela que começou a colorir.

Nada é por acaso. Clichê não seria clichê se você nunca o tivesse ouvido, lido, detectado.

MÃE EU TE AMO MUITO

Isso tem tudo haver com meu momento risos e gargalhadas. Por isso postei.

Sem querer querendo

Ainda duvidam da astúcia da internet. É ela que faz as palmas das mãos da mocinha grená como seu esmalte da moda. Porque ela não sabe navegar por abismos; ela tenta; faz de tudo; mas sua vida é uma grande imensidão de cores. Formas que vão além das teorias filosóficas, ela sente. E sentir é mais do ser real ou não. Um conselho: aprenda com as aulas de filosofia. Ou Matrix vai ser só um filme na estante.

Uma fantasia talvez. Lá vem o menino por a mão na orelha do monstro pra contar que é mentira. E não é. Não foi. Agora é nada. Agora a mocinha corre pelo seu mundo novo despertando bons sentimentos nas criaturas mais obscuras, contando seus causos antigos. Por que não? Isso ela pode dizer que é só dela. Apesar dela ser comunista, querer dividir com o todo.

Fica calmo monstro, que a mocinha vai morrer em Terabítia. Vai ser só menino e monstro. Monstro bom, menina só tem medo de perder a amizade do menino, porque seu mundo é colorido de qualquer jeito. Em qualquer cosmos. Ela ta num outro plano. Mas é ser alimentado de ilusões que não abre mão de viver. Sua vida é melhor agora, depois da morte.

Ela renasceu mulher, sem ser feita mulher. Ela faz novos amigos meninos, porque sempre foi mais fácil. Ela doa as histórias, oferece tintas, e tem menino que até gama. Que ela esnoba. Continua correndo atrás dos amores impossíveis. Acabou de se dar conta de como nada foi em vão. Porque o monstro tem sentimento e morre de ciúmes, ser real às vezes nem faz sentir; às vezes o sonho faz mais.

Menino, segue seu rumo. Que a menina sabe que é só fantasma. Que ela ta feliz que o menino e o monstro se dão bem, que o monstro é tão de carne e osso. Ela vai continuar criando com as migalhas, não fique chateado. As migalhas tomam um significado maior pra ela. Ela já te esqueceu menino, ela ta rindo, ela ta gargalhando.

Já veio um gigante. Um anão. Uma louca. O samurai não foi embora e de boneco virou homem. E de homem ta virando a cabeça dela. Não mais que os dois furos no pescoço, que loucura! Os furinhos ficam melhor no pescoço! Mesmo sendo só uma ilusão.

A realidade é um possante, que te pega na margem quando você menos espera, e te carrega. O limite é muito pouco para ela dar importância.


...

Esse é um conto. Espero ponto da louca, do anão e furos no pescoço.

21 de setembro de 2009

Se meus textos são longos, eu ainda sou lerda

Momento de realização: ótima faculdade, escolha certa, algumas confusões sobre que destino tomar, mas adoráveis confusões; publicações; inspirações; tudo à flor da pele. Um grupo de teatro pra montar, uma leitura dramatizada pra acompanhar, dublagem que me cobram, trabalhos a cobrar. E lual, e matriz, e conversas descompromissadas durante as caronas da vida. Da vida de 18. Nem parece que Botafogo está quase indo pra segunda; nem parece que as ambiguidades da vida são tão dramáticas...

Só quero agradecer pelos momentos. Não sei bem ao quê ou à quem, faço a minha parte apesar.

A graduação te leva a outros caminhos. Diferentes da opção entre cabular a aula de química ou de biologia. A de optar por um estilo jornalístico mais conciso, mais direto, "sem literatices". Daí tenho um sábado digno de setembro, com livros, autógrafos, gente interessante, medo e coragem. Era mais fácil fugir de histologia...

Ainda tenho um tripé pra me tirar da fossa sem fossa; dos meus problemas psicológicos; da "Nalú, a mais depressiva do tripé". Ainda tenho piscianas como eu para conversas sem rodeios e únicas vidas sem receios. Ainda tenho amigas de infância que me cobram pipoca e o vídeo da festa de quinze anos.

Do que me falta eu faço verso. Que a falta traz sucesso! Sem dúvida,

O meu mistério de agora é somente um: quais são as palavras de Gentileza?


Anna Luiza Esteves

18 de setembro de 2009

Convite

Pois é, meu conto Palavras velhas de um amor puído foi selecionado para fazer parte de um livro de contos editado pela Hama Editora.

O lançamento vai ser no dia 19/09 (sábado) na Bienal do Livro, Pavilhão Verde Q27 às 18h.

Quem quiser comparecer... Aliás, se alguém acompanha o blog, dou um autógrafo especial!


É, eu to besta

28 de agosto de 2009

Momento

Estou atrás de alguém que dê aulas da preparação vocal.
Em busca de movimento, que o momento é de preparação.

Quero melodia para encaixar nos versos soltos e sem alma espalhados pelo caderno verde.

17 de agosto de 2009

Surdo eu sei ou Surdo que eu sei

Sem coragem não ouve
Nem fala; por quê
Se sem som é bem melhor
vou ritmado pelo viver
novo amor ele me trouxe
esquecer vai ser só.

Fico surdo
Toco surdo
Ela eu mudo
mudo eu fico.
que é como surdo
que falo tudo

Bato de perto
perco o instrumento no meio do show
que ela é bruxa
minho dor só piorou
Pego logo
domino e pou!
Coração ainda bate incerto
nota de lambuja
toque que sobrou
amante da rima de quem amou.


...


Qual o melhor título para o meu descompromissado versinho?

16 de agosto de 2009

Between me and my jeans

Inspirada pela co-autoria de objetos simbólicos e suas grandes estórias, resolvi deixar o cartão com seu semi-herói de lado e embarcar nos causos de duas calças jeans.

Foram adquiridas numa quinta-feira de agosto. Uma por uma menina de cabelos morenos soltos e palavras largas, que entrou no provador e ficou aos berros com uma outra altona lá fora. Experimentou seis, todas na promoção, depois de pulinhos sacrificantes para caber dentro de uma 38 levou uma das menos justas.

Outra por uma loirinha de curtas mechas e riso avoado, que entrou na loja com quatro guarda-costas. Não me lembro bem quantas experimentou, mas me adquiriu depois de uma troca de olhares com um dos rapazes, que me elogiou muito em seu corpo.

Acabamos juntas na noite carioca. Na sexta em um show, aonde as duas chegaram cedo e ficaram cheias de opinião contando da vida e de rapazes. Apoiadas sobre o cerco da varanda de um sobrado velho, que era imenso de lembranças, como disse a morena; elas ficaram a procura de príncipes encantados.

Como os que estavam no palco. Ao lado de donzela invejável que formava o trio de rock fazendo o barulho bom de baladas descompromissadas e bem feitas. Certamente as baladas emitiam o som perfeito dos corações pulsantes das menininhas. Duas atrapalhadinhas...

Elas nos levaram pra uma festa privet dos astros da banda e tremiam as pernas ao lado deles. Tiraram foto, fizeram piada, ouviram uma sessão de besteiras boas no banheiro e voltaram pra casa.

Pra no sábado nos encontrarmos de novo. Bater muito. Bater, bater, bater... Somos lindas, não podemos ser modestas. Transformamos os corpinhos das duas e só se fizeram garotos para acompanhá-las nessa noite. Todos ótimos meninos. Comeram salgados numa lanchonete, ficaram parados na porta de uma danceteria, comeram cachorros-quentes na Voluntários e jogaram sinuca o resto da noite.

Sobraram segredos entre nós quatro. Barbas, fuscas, foto, flertes, Top Five. Calças e suas donas.

O "Oi Anna" vai ficar na saudade...

4 de agosto de 2009

Pedindo perdão pela ausência

Palavras velhas de um amor puído

O cartão melancolicamente empoeirado, sobrando no fundo da prateleira. Sou eu e uma história de amor. Relatos da vida pessoal de um objeto confeccionado para nutrir os mais belos sentimentos e perceber o mais destemido e deslavado destino dos tolos amantes.

Compraram-me no inverno; no fim de Junho quando todos os cartões mais sofisticados já tinham sido vendidos no dia dos namorados. Época do ano em que os atacadistas estão mais preocupados com o dia do amigo e se esquecem do amor. Eu compreendia a minha ineficiência.

Um rasgo na lateral e o Garfield. O gato laranja sem alma e que não emana nenhum romantismo; estava eu fadado ao fundo do almoxarifado durante o próximo verão. Pois estão, a mocinha chegou.

Olhando a seção de Amizade primeiro, abrindo vários, parecia-me fazer daquela breve leitura uma diversão. Continuava a folhear os múltiplos coloridos já com desinteresse quando avistou a minha estante. O mostruário imenso de ilusões.

Catou os primeiros, mas ela era refinada. Buscou os menos comerciais, os mais autênticos. Descreveu assim o seu amor por ele “Menos comercial e mais autêntico”.
Fui adquirido por seis reais e vinte centavos. O troco ela entregou na mão de um menino de rua. Soube então que tinha a sorte de ter uma dama exemplar.

Quando chegou a casa me pusera na última gaveta, debaixo dos antigos álbuns de figurinhas, com o provável medo de que a mãe descobrisse suas esperanças românticas. A mãe procurando um extrato achou-me depois de duas semanas, mas não comentou nada. Não que eu tenha ouvido. Eu começava a ficar empoeirado novamente quando a moça puxou a gaveta de uma vez, esbaforida; cheguei a pensar que eram novas figurinhas. Mas era a minha hora.

Os materiais infantis forjavam bem a madura donzela que escondia com fitas no cabelo as palavras de um amor destemido, ousado. Seu amado não era ficção, nem ilusão. Descreveu-me suas carícias, seus apelos, seus “maravilhosos lábios inferiores”. Me contou teu amor, me pediu pra não esquecer e disse que éramos muito jovens, muito amigos, e somente.

Que tinha visto um filme que lhe recomendara e estava inspirada. Disse que me amava e que não deveríamos ficar juntos. E que eu nunca a esquecesse. E que seríamos certamente eternos.

Confundiu o embriagante rapaz a quem fui entregue alguns sete meses depois. Durante o outono, no centro da cidade, eles conversavam, riam, gemiam, suspiravam baixinho esses suspiros que só eu compreendo. Ela me arrancou do fundo da mochila junto com um pingente dourado e eu só pude ver as pistas congestionadas de cada um dos lados, em diferentes direções.

Entrei noutra mochila. A dele; o pobre acusado de ter outra. Sem tom de acusação ela só me declarou da nova desventura dele e ele chorou demais quando ela disse que era melhor que não se vissem nunca mais. Ela tomou um ônibus no ponto da direita. Ele tomou um no da esquerda e soluçava amedrontado.

Caiu na cama naquela tarde, enroscou os braços atrás da cabeça e ali permaneceu durante umas duas horas com o cartão no peito, olhando pro teto. As lágrimas rolavam pelo cantinho de seus olhos e o coração, deu pra sentir muito bem, tinha repousado como ele e parecia gemer de dor, não sei bem como, nem por quê.

Gostei dele também. Mais simples, mas nunca comum. Deixou-me na gaveta de cuecas, junto com um bonequinho samurai e o pingente. Quando estava sozinho em casa punha o som alto e eu via seus lábios percorrendo as palavras bonitas que faziam a minha transformação de um cartão qualquer para a história de amor daquele casal.

Chegava a me apoiar na varanda, erguer a mão, ameaçar picotar-me em mil e fazer chuva colorida da avenida lá embaixo. No entanto desistia. Parecia encarar com valentia aquele infinito amor.

Cá estou. Na mala do viajante. Percorri o mundo com o homem apaixonado sem paixão. Ele namorou três anos quase quatro. Abandonou a faculdade. Abandonou a família, mas volta de vez em quando comigo. Virou professor de amor, ensina literatura transformando todas as histórias na sua e de sua amada. Péssima compreensão textual. Mas os alunos gostam, são todos jovens estúpidos que amam em todas as partes do mundo. Como ele foi. E é.

No pé de um pôster de filme americano ele rasurou, quando passava por um cinema abandonado na décima sexta avenida: Mais comercial e menos autêntica.

Recebeu seu último livro pelo correio em alguns meses enrolado no pôster. Com o dito ainda gravado abaixo dos pés dela. Dez anos mais mulher e quase nua, uma estrela. Ele leu o livro inteiro, a procura de qualquer resposta e encontrou no capítulo cinco, página oitenta e cinco.

“Não abuse das palavras velhas de um amor puído. Sua literatura sou eu se meu cartão ainda existe.”

16 de julho de 2009

avistando um novo ponto

Salve, galera!
Deixe que eu me apresente: Meu nome é Best Friend. Sim, a mesma citada a uns dois posts atrás.
Pois é Anna, eu pensei bastante sobre a sua pergunta. E aí? Temos mesmo uma geração? Não sei. Mas esse assunto não saiu da minha cabeça por essas semanas, então resolvi escrever. É o que fazem os pobres atormentados pelos pensamentos confusos com ideias mais confusas ainda. Enfim, espero apenas que pra você e pra vocês ele tenha alguma coerência. Ou não.



Fomos na sexta, dia primeiro, a uma exposição no CCBB. Foi interessante ver como os artistas expressavam seus sentimentos nas telas diante de uma guerra. Aliais o que seria a arte? Defini-la é um tanto complicado, mas uma coisa é certa: é uma explosão de sentimentos transformados em algo admirável, em algo profundo, filosófico. A exposição se chamava virada russa. Com quadros cubistas mostrando interpretações diferentes sobre a revolução russa. Quase sempre é assim. A arte imitando a vida e vice-versa. Já reparou que nos livros de história sempre tem a imagem de algum quadro pra ilustrar o momento histórico que se está estudando?

Artistas, sempre que deixam uma obra, seja ela literária, musical, teatral, pintada, mostram o que sentiam, com a linguagem e com a visão que se tinha na época. Mas eu me pergunto: daqui a alguns anos, como seremos estudados? Os jovens da era 2000. Caracterizados por... O que? Temos uma característica? Uma geração?

Bem, como jovens que se preze, buscamos o diferente, informação, novidade. Nos dias de hoje o que não falta é acesso a informação. Nascemos praticamente em frente ao computador, a televisão, ouvindo rádio, os vinis já estavam saindo de moda. Descobrimos em segundos, através de uma banda larga, quais são as tendências musicais do norte da Europa, por exemplo, sem ao menos sair do quarto. Sem contar que enquanto o computador baixa todas as musicas ou filmes possíveis, a TV tem mais de 100 canais com seriados, telejornais, novelas, do mundo inteiro.

Diante de tanta interatividade que a nossa querida globalização proporcionou, qual movimento seguir? Acho complicado decidir. Posso dizer ainda que nem se tem mais moda, porque o brega voltou a ser chique, os anos sessenta estão presentes nas roupas, bem como a musica eletrônica no MP3. MP3? Ou seria MP4? 5, 6 ou 7? Iphone, Ipode, Itouch? Não pisque. Porque quando abrir os olhos já vai ter um novo produto, um novo som, uma nova tendência. Mas você também pode voltar ao passado. Os vinis que saiam das lojas quando nascemos, agora voltaram que somos adolescentes. Gostar de Elvis dos anos cinqüenta não te faz mais ser um jovem careta.

A juventude sempre lutou por transformações. Na política, na educação, nos países e no mundo. Isso se refletiu e se reflete na arte. Hoje as transformações, principalmente tecnológicas, vem até nós, e isso também reflete na arte. Mas é tanta diversidade que os movimentos e tendências, da música a pintura, não tem uma característica única. Nossa busca agora é muito mais para nos mantermos ligados a tudo isso do que por uma transformação propriamente dita.Talvez no futuro sejamos estudados como geração X. Porque somos todos mutantes. Temos gostos e aptidões diferentes que tentam entrar em harmonia entre si. X-teen.

30 de junho de 2009

A caixa de cds

Então. A tal caixa de cds...

Foi ela que me despertou. Passei a semana conjecturando a possibilidade da minha geração estar apelando pra originalidade e todas as alternativas alternativas. Aí o Michael Jackson morre e as minhas teorias vão por água abaixo... Elas não são muito fundamentadas, é bem verdade, mas é que eu vejo tantos jovens curtindo coisas tão diferentes e buscando curtir mais coisas que ninguém curte e criando coisas pra ninguém curtir igual, pra no fim a minha conclusão ser a de que isso não passa de mais uma tendência. Mais um fruto do Pop. Caraminholas em confusão!

Salve Michael! Ele era genial, escultural por legitimidade. Por originalidade. Essa discussão é muito difícil, portanto, já cansada de pensar resolvi admitir que toda geração vai ser sempre movimentada por algo POPular, que muita gente curte, que muita gente gosta. Porque somos seres humanos e precisamos do mínimo de identificação pra nos relacionarmos.

Também vai sempre existir a contra-cultura, a oposição (ainda bem!) que irônicamente devido a este mesmo fato é POPular, é recorrente. Porque enquanto houver a réplica haverá grandeza de pensamento.

Parei de me reprimir finalmente. E mergulhei como uma diva na caixa de cds; que é muito pop! Ao invés de aderir a moda dos vinis acho até que vou me apegar aos cds... Pois eles são definitivamente material relíquia da minha geração, afinal de contas o mp3 ainda não caiu em desuso.

Primeiro cd; um rosinha que deve ter sido gravado por mim em 2005. Primeira música Kiss Me Sixpence None The Richer, que ouvi a primeira vez em um clip-montagem de Pacey e Joey, toca em um episódio também. Segunda All Star Cássia Eller, que mamãe sempre amou. Terceira California introdução de The OC. Quarta Pingos de Amor Kid Abelha. Quinta That Thing You Do The Wonders, que antes me lembrava o filme, hoje me lembra a homenagem dos quinze anos de uma amiga. Sexta Vital e Sua Moto Paralamas, mamãe sempre amou também. Aos poucos fui percebendo muitas influências dela. Sétima Um Mundo Ideal que eu sempre preferi em português mesmo. Oitava...

Ah oitava! Como àquele vestido que você amava aos dez anos (àquela bermuda para os meninos); que você acha anos depois no fundo da gaveta; fica fazendo de tudo pra caber em você de novo. Daydream Believer Mary Beth Maziars. Outro episódio de Dawson's. Um flash da pequena Anna Luiza esparramada no sofá da sala comendo brigadeiro às cinco p.m. com os olhos vidrados em mais episódio. Pra mim essa era única verdade.

Nona Último Romântico Lulu. Décima Fazer amor de madrugada. Décima primeira This Kiss Faith Hill outra de um clip-montagem, só que dessa vez de Seth e Summer. Pra terminar a décima segunda Champagne Supernova, episódio 2.14, a descoberta de uma banda incrível.

Segundo cd; um roxinho da época que mil músicas não cabiam em um cd (ou só na minha cabeça era assim). Uma continuação.

1 - Juliette Vanessa Daou, episódio 6.15
2 - Velha Infância Tribalhistas, nem gosto mais... Daquelas que enjoam muito!
3 - This Year's Love David Gray, episódio 4.02
4 - Uma excelente música que eu não consegui achar o nome, episódio 2.07 quando eles pulam na piscina.
5 - Footloose, eu gosto de filme
6 - Faz Parte do Meu Show Cazuza
7 - Nada Sei Kid Abelha
8 - I Hate Myself for Loving You, só me faz pensar que a Joey era piscinana com certeza
9 - Feels Like Home Chantal Kreviazuk, Como perder um homem em 10 dias, favoritíssima
10 - Hey Pretty Girl Bodeans, já parando de encher o saco de quem fez questão de ler até aqui.

Outros sete cds. Várias fugas da minha geração, de acordo com os Cazuzas, Kids e Paralamas. Lembranças de uma época em que curtir uma música não era analisar ideológicamente o seu próprio eu interior.

Caraminholas definitivaente em confusão!

28 de junho de 2009

Segunda opinião - LANÇAMENTO

É a primeira vez em dois meses que eu tiro o casaco. Os 40 graus servem apenas de título para as boates do Rio de Janeiro de uns tempos pra cá. Bom, porque lavei os agasalhos fedorentos e tenho saído descombinadamente elegante. Engraçado é fazer faxina de moletom (as lingeries ficam para a Luana Piovani).

Quem disse que somente as virginianas curtem faxina? A nossa grande diferença é que transformamos o ambiente a ser arrumado em um sítio arqueológico.

Prezada Best Friend, qualquer semelhança é puro plágio, puro marketing e pura conhecidência também!

Acontece que as taurinas são obrigadas a fazer faxina, as virginianas são viciadas em e as piscianas chegam até a curtir; é lógico que, como tudo pra nós, somente é agradável quando não planejado.

Como ontem, quando o meu nômade favorito chegou. Sem surpreender ninguém fez uma surpresa (caros amigos leitores, a palavra surpresa é quase sempre associada a algo bom, TOMEM CUIDADO COM ISSO)... boa. Porque o quartinho ao lado do meu não está mais tomado pelos meus livros, papéis, brinquedos, tocas, gorros, sapatos velhos. Eu tive que fazer faxina. Desafio: em poucos minutos. Desde que a rotina artística recomeçou vencê-los não é problema.

Estava eu lá. E TCHAN! Não foi o crânio da Lucy, mas achei uma caixa de cds que procurava há algum tempo. Quem diria que a tal caixa me ajudaria tanto na minha mais recente pesquisa? Porque quem disse que eu abandonei a idéia de trabalhar com método científico. Tenho feito isso apenas como hobby.

As coisas não mudaram por aqui e eu só venho introduzir o tópico central do meu texto depois de seis parágrafos. Nós temos uma geração afinal? Não posso contar projetos sigilosos, mas partilho essa recente dúvida a qual tenho tentado esclarecer.

Sério, porque a minha mãe usava jeans até a cintura e ia pra Mamute, ver os Paralamas, Cazuza, jogava Atari. O meu tio está desolado com a perda do Rei do Pop. A minha vó, mesmo atípicamente vó, enaltece as grandes divas do Rádio, chora ouvindo Taiguara e ainda é loucamente militante, loucamente artista. Mas e eu?

Descobri que não é frivolidade a execução da pesquisa, vis-to-que muitos historiadores pesquisam os tempos atuais, tentando abrir brechas para os que um dia irão pesquisá-lo. Pode até ser saudosimo além da conta ou desilusão precoce. O fato é que eu sempre vivi de passado mesmo, só tenho tentado documentá-lo.

Mentira. Quero também descobrir isso devido aos meus planos sigilosos que só divido com Paula, Cadore e Matheus.

Essa pergunta é a primeira de muitas que vou responder com a ajuda de uma amiga; abrindo uma série de novas idéias que serão implementadas por aqui.

E aí Best, temos uma geração? Podemos prever a geração que seremos um dia?

A minha opinião lê no próximo post. auhauhuahua

9 de junho de 2009

Vinicius já dizia

Peixes no almoço e um capricorniano na roda. E Vinicius já dizia... algo que ninguém se lembrou por inteiro, mas que venho aqui, por intermédio do Dr. Google trazer na íntegra.

A conversa rondou assuntos interessantes e, quem sabe, perspicazes. Assuntos que gosto de discutir com gente como eles. Elas. Ele é quase ela.

Chá vai. Chá vem. Batata vai. Batata vem. Sem bacon! Mas traz o potinho separado...

Cheguei em casa e rodei um trailer no You Tube; de um filme que tínhamos vontade de assistir e que eu já vi. O filme é parte de uma memória estranha que eu acompanhei de perto. Eu sou parte da memória do filme. Que medo de um dia ser um filme!

Recomendo o filme não só pro dia dos namorados. Até porque não existe data mais estúpida. Vincular amor, paixão, adoração, carinho, e o que quer que seja, a uma delimitação de vinte e quatro horas é jogar um balde d'água fria na audácia dos românticos. Dia 12 é dia do túmulo, dos que vivem iludidos achando que amar é tão fácil.

Sou fã dos amores impossíveis. Que a vida pois o fim que agente nunca teria posto. Incoerentemente acredito que esses são os maiores amores justamente por isso. Ainda bem que não são duradouros. São os fogos de artifício do reveillon.

Meus amigos também acreditam nisso. Astrologicamente falando; claro! ; três românticas práticas e um praticamente romântico.

Esse trecho é pra eles.



Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.



PS.: Pra melhor mãe do mundo também, que recita até hoje de cor. Educação exemplar.

Aumentando um ponto

Só tenho inspiração para ler, colher e semear. Talvez algo brote...



******




Conto de verão nº 2: Bandeira Branca



Luís Fernando Verissimo


Ele: tirolês. Ela: odalisca; Eram de culturas muito diferentes, não podia dar certo. Mas tinham só quatro anos e se entenderam. No mundo dos quatro anos todos se entendem, de um jeito ou de outro. Em vez de dançarem, pularem e entrarem no cordão, resistiram a todos os apelos desesperados das mães e ficaram sentados no chão, fazendo um montinho de confete, serpentina e poeira, até serem arrastados para casa, sob ameaças de jamais serem levados a outro baile de Carnaval.


Encontraram-se de novo no baile infantil do clube, no ano seguinte. Ele com o mesmo tirolês, agora apertado nos fundilhos, ela de egípcia. Tentaram recomeçar o montinho, mas dessa vez as mães reagiram e os dois foram obrigados a dançar, pular e entrar no cordão, sob ameaça de levarem uns tapas. Passaram o tempo todo de mãos dadas.
Só no terceiro Carnaval se falaram.


- Como é teu nome?


- Janice. E o teu?


- Píndaro.


- O quê?!


- Píndaro.


- Que nome!


Ele de legionário romano, ela de índia americana.


Só no sétimo baile (pirata, chinesa) desvendaram o mistério de só se encontrarem no Carnaval e nunca se encontrarem no clube, no resto do ano. Ela morava no interior, vinha visitar uma tia no Carnaval, a tia é que era sócia.


- Ah.


Foi o ano em que ele preferiu ficar com a sua turma tentando encher a boca das meninas de confete, e ela ficou na mesa, brigando com a mãe, se recusando a brincar, o queixo enterrado na gola alta do vestido de imperadora. Mas quase no fim do baile, na hora do Bandeira Branca, ele veio e a puxou pelo braço, e os dois foram para o meio do salão, abraçados. E, quando se despediram, ela o beijou na face, disse - Até o Carnaval que vem - e saiu correndo.


No baile do ano em que fizeram 13 anos, pela primeira vez as fantasias dos dois combinaram. Toureiro e bailarina espanhola. Formavam um casal! Beijaram-se muito, quando as mães não estavam olhando. Até na boca. Na hora da despedida, ele pediu:


- Me dá alguma coisa.


- O quê?


- Qualquer coisa.


- O leque.


O leque da bailarina. Ela diria para a mãe que o tinha perdido no salão.



No ano seguinte, ela não apareceu no baile. Ele ficou o tempo todo à procura, um havaiano desconsolado. Não sabia nem como perguntar por ela. Não conhecia a tal tia. Passara um ano inteiro pensando nela, às vezes tirando o leque do seu esconderijo para cheirá-lo, antegozando o momento de encontrá-la outra vez no baile. E ela não apareceu. Marcelão, o mau elemento da sua turma, tinha levado gim para misturar com o guaraná. Ele bebeu demais. Teve que ser carregado para casa. Acordou na sua cama sem lençol, que estava sendo lavado. O que acontecera?


- Você vomitou a alma - disse a mãe.


Era exatamente como se sentia. Como alguém que vomitara a alma e nunca a teria de volta. Nunca. Nem o leque tinha mais o cheiro dela.

Mas, no ano seguinte, ele foi ao baile dos adultos no clube - e lá estava ela! Quinze anos. Uma moça. Peitos, tudo. Uma fantasia indefinida.


- Sei lá. Bávara tropical - disse ela, rindo.


Estava diferente. Não era só o corpo. Menos tímida, o riso mais alto. Contou que faltara no ano anterior porque a avó morrera, logo no Carnaval.


- E aquela bailarina espanhola?


- Nem me fala. E o toureiro?


- Aposentado.


A fantasia dele era de nada. Camisa florida, bermuda, finalmente um brasileiro. Ela estava com um grupo. Primos, amigos dos primos. Todos vagamente bávaros. Quando ela o apresentou ao grupo, alguém disse -Píndaro?! - e todos caíram na risada. Ele viu que ela estava rindo também.



Deu uma desculpa e afastou-se. Foi procurar o Marcelão. O Marcelão anunciara que levaria várias garrafas presas nas pernas, escondidas sob as calças da fantasia de sultão. O Marcelão tinha o que ele precisava para encher o buraco deixado pela alma. Quinze anos, pensou ele, e já estou perdendo todas as ilusões da vida, começando pelo Carnaval. Não devo chegar aos 30, pelo menos não inteiro.



Passou todo o baile encostado numa coluna adornada, bebendo o guaraná clandestino do Marcelão, vendo ela passar abraçada com uma sucessão de primos e amigos de primos, principalmente um halterofilista, certamente burro, talvez até criminoso, que reduzira sua fantasia a um par de calças curtas de couro. Pensou em dizer alguma coisa, mas só o que lhe ocorreu dizer foi - pelo menos o meu tirolês era autêntico - e desistiu. Mas, quando a banda começou a tocar Bandeira Branca e ele se dirigiu para a saída, tonto e amargurado, sentiu que alguém o pegava pela mão, virou-se e era ela. Era ela, meu Deus, puxando-o para o salão. Ela enlaçando-o com os dois braços para dançarem assim, ela dizendo - não vale, você cresceu mais do que eu - e encostando a cabeça no seu ombro. Ela encostando a cabeça no seu ombro.


Encontraram-se de novo 15 anos depois. Aliás, neste Carnaval. Por acaso, num aeroporto. Ela desembarcando, a caminho do interior, para visitar a mãe. Ele embarcando para encontrar os filhos no Rio. Ela disse - quase não reconheci você sem fantasias -. Ele custou a reconhecê-la. Ela estava gorda, nunca a reconheceria, muito menos de bailarina espanhola. A última coisa que ele lhe dissera fora - preciso te dizer uma coisa -, e ela dissera - no Carnaval que vem, no Carnaval que vem - e no Carnaval seguinte ela não aparecera, ela nunca mais aparecera. Explicou que o pai tinha sido transferido para outro estado, sabe como é, Banco do Brasil, e como ela não tinha o endereço dele, como não sabia nem o sobrenome dele e, mesmo, não teria onde tomar nota na fantasia de falsa bávara.

- O que você ia me dizer, no outro Carnaval? - perguntou ela.

- Esqueci - mentiu ele.

Trocaram informações. Os dois casaram, mas ele já se separou. Os filhos dele moram no Rio, com a mãe. Ela, o marido e a filha moram em Curitiba, o marido também é do Banco do Brasil - E a todas essas ele pensando: digo ou não digo que aquele foi o momento mais feliz da minha vida, Bandeira Branca, a cabeça dela no meu ombro, e que todo o resto da minha vida será apenas o resto da minha vida? E ela pensando: como é mesmo o nome dele? Péricles. Será Péricles? Ele: digo ou não digo que não cheguei mesmo inteiro aos 30, e que ainda tenho o leque? Ela: Petrarco. Pôncio. Ptolomeu...

26 de maio de 2009

Em breve muitas mudanças por aqui







Agora estou muito comercial. Anunciando o resultado das minhas últimas descobertas midiáticas e promovendo, futuramente, um Vossavalvúla melhor para você. Mas nunca trocarei para publicidade e propaganda...





Está muito difícil postar por aqui...





Enquanto isso fico sozinha com meus pensamentos, minhas idéias e toda a criatividade que vai além da minha vã filosofia;

16 de maio de 2009

O sexto de muitos



Minha jornada Skankmaníaca começou na loucura da minha quarta-feira quando fui ao MAM comprar meu ingresso. Ingresso garantido (só o meu) e a aflição ignorante de perdê-lo fez com que eu não o tirasse da minha carteira. A outra aflição ignorante de que eu fosse roubada e igualmente o perdesse me deixou mais anciosa ainda. Ouvir minha pequena coleção de CDs deles à noitinha me tranquilizou.

Não foi o bastante para me acalmar na sexta-feira de manhã depois de constatar por telefone que meu destino seria aproveitar solitariamente do meu ingresso e da minha noite. Experiência essa, a qual eu nunca tinha vivenciado. Nem vivenciei. Foi o sexto show (se não me enganei na matemática); o terceiro com fãs malucas como eu que fazem coreografia para Três Lados.

Estandarte é um bom álbum, pelo o que pude perceber, já que ainda não parei para ouví-lo. Maquinarama é o melhor e apesar de já estar acostumada a não ouvir Água e Fogo, não gostei de ir embora sem Ali. Da última vez que imploramos, em junho de 2007, Samuel cedeu a nossa súplica. Nada se compara ao show em que ele " teve que nos deixar pois os técnicos tinham que arrumar o palco para o dia seguinte".

Quando chegamos, cedo ainda, diga-se de passagem, recebemos cartõezinhos com três opções de Bis, que teríamos que votar via SMS. Mais uma invenção tecnológica que eu odeio. Acabei perdendo Jackie Tequila/Anna Luiza Machado.

Samuel encontrou uma solução mineira para a problemática e acabou escolhendo uma música de cada uma das opções. Assim tivemos É uma partida de futebol, Esmola, Pacato cidadão, Resposta (ainda bem! acompanhem um trecho no vídeo acima) e Tanto. É tanto... mas não é tudo.

- Eles não vão cantar Formato Mínimo né...

- Não. Claro que não.

- Mas eles já cantaram em um show que nós fomos, se lembra?

- O cosmotron, porque era música do cd.

Eu já ouvi até A banda dos contentes. Mas realmente, foi no show Skank e o Tremendão. Sem mais palavras e sons, meus caros. Curtam os pequenos momentos únicos da vida de vocês. Sua banda favorita só fez um show como àquele. Qual é seu show favorito da sua banda favorita?

Difícil. Ainda bem que eu só fui a um show dos Hermanos. Assim não é preciso comparar...

Conto n°2

07/10/2008


A primeira vez que a viu foi em março de noventa e seis. Ele tinha seis anos e noventa centímetros, faltavam apenas dez pra andar na mini-montanha russa do parque. Ela passou sem percebê-lo. Exibia um arco com dois laços vermelhos, o uniforme do colégio das freiras e deixou cair um nariz de palhaço. Ele recolheu.

Ela o percebeu apenas em setembro do outro ano. Já tinha sete anos e viu um menino que segurava aquelas bolas de clóvis. Ela adorava carnaval, mas tinha medo daquela fantasia. Olhou pra ele e viu também um curativo no queixo. Teve pena, não medo.

No dia seguinte eles pararam um de fronte ao outro, nas calçadas opostas de sempre. Mas se viram desta vez. Ele sorriu e ela olhou pra baixo. Ele seria um clóvis da vida real? Seria muito mal? Era um extranho de qualquer jeito e ela não podia falar com estranhos.

Ele não entendeu porque ela abaixou a cabeça. Devia ser mais uma das garotas que estavam se afastando dos meninos. E ele a odiou terrivelmente. Não voltou a sorrir pra ela na travessia para o outro lado da rua, apenas focalizava o bonequinho verde que o permitia atravessar.

Infelizmente se viam todo dia. A mãe dele preferia atravessar naquele sinal. “É logo em frente ao seu colégio” dizia ela. A empregada dela tinha que comprar pão todo dia de manhã e a padaria do outro lado da rua fazia um pão bem cheiroso e era no caminho. Às vezes ele a pegava olhando-o, mas ela fazia questão de abaixar os olhos em seguida.

Três anos se passaram e um dia ela não o viu. Parou, o sinal ainda estava vermelho, e não havia ninguém do outro lado da rua. Quer dizer, havia um monte de gente, mas não o seu clóvis de sempre. Pensou mil coisas horríveis, dessas que as crianças pensam como se realmente acontecessem.

Dois meses depois do início das aulas ele não teve como fugir daquele sinal. Na rua por onde estava indo pra escola todos os dias, houvera um acidente e os guardas impediam a passagem de pedestres. Ele a viu. Antes de parar no sinal. E correu pra se esconder na pilastra da padaria.

Ela vinha com um garoto. Do mesmo colégio que ela. A mãe devia ter permitido-a ir sozinha pra escola neste ano, todas as crianças estavam indo. Ela estava linda Ele não pode deixar de perceber como seus cabelos ondulados caiam no ombro presos por dois grampos, um de cada lado, e pela primeira vez seus olhos pararam nas pernas de uma garota.

Caio, o vizinho dela, estava com uma crise de asma na segunda semana de maio. “Pobrezinho” pensou, “justo dois dias antes de seu aniversário”. Ela resolveu fazer algo que sempre tivera vontade de fazer. Seguir pela outra rua e atravessar em um sinal mais à frente. Seria mais longo, mas sempre estava com Caio desde que começou a andar sozinha e ele dizia que seus pais não iriam gostar se eles mudassem o percurso.

Ela adorava àquela rua. Tinha muitas árvores, muitas casas antigas... Tinha ele. Vindo em sua direção. O menino que desde o início do ano nunca mais vira. Ele estava mais alto e mais desengonçado. Seu colégio provavelmente mudara de uniforme, visto que os shortinhos de lycra azul foram substituídos por uma bermuda jeans.

Passou um vento, destes que te deixam zonza. E as folhas do fichário dela voaram todas. Ela se abaixou urgentemente para tentar pegar as que não tinham caído no rio que cortava a rua. As duas últimas foram catadas por ele.

- Obrigada – ela olhava pra baixo. Não conseguia não reparar como as mãos dele eram bonitas.

- Não tem de quê.

Ela não era uma das meninas que tinha se separado dos meninos aos sete anos. Era tímida! Escondia um sorriso no canto direito da boca exatamente no momento em que agradeceu a ele.

- Qual se nome?

Ela estava de costas pensando se respondia ou não. Se era corajosa o suficiente para mudar o caminho de sempre, não teria medo de estranhos dessa vez.

- Nina.

- O meu é Pedro. É que o meu vizinho estuda no seu colégio... Eu to atrasado. Eu tenho que ir.

Ela o adorou por ser tão corajoso! E foi pra escola escondendo o sorriso no fichário que apertava junto ao peito. Esquecera toda a matéria que tinha que recuperar e em casa só pensava em ir pra escola no dia seguinte pela rua em que tinha descoberto o menino.

Ele pensou nas pernas dela. O dia inteiro também. E seguiu com as suas para o vosso antigo sinal, pensando que ela estaria lá. O mal dos dois era pensar de mais. Ou de menos, visto que seus impulsos falavam mais alto mesmo aos onze anos.

Tornaram-se amigos. No dia seguinte ao desencontro Caio deu um beijo em Nina quando ela chegou ao seu apartamento para contar tudo. E cedeu aos sentimentos do garoto. Estavam namorando desde então.

Pedro era o garoto de quinze mais esperto que ela conhecia. Vivia por contar histórias obscenas que ouvia de seus vizinhos. E ao lado dele Nina era a mais corajosa das garotas. Se interessava nos mínimos detalhes das histórias.

Nina era a garota de quinze mais original ele conhecia. Juntos mudavam o final de todas as histórias e ele tinha que admitir que os finais dela eram bem mais surpreendentes e emocionantes que os dele.

Pra ele, ela era feito uma montanha russa. Daquelas que ele tanto gostava. Pra ela, ele ainda era clóvis. A fantasia mais misteriosa e mais altiva do carnaval. Pra eles ainda eram juntos um sinal vermelho que os obrigava a se observarem por minutos que pareciam uma eternidade, sem ao menos se tocarem.

No final do ano Pedro foi morar nos Estados Unidos. E as conversas dos dois se resumiam a cartas. As de Nina bem grandes e espaçadas. Sua pontuação coincidia perfeitamente com o jeito que falava. Devia saber fazer isso muito bem porque queria escrever contos infantis, como confessara a Pedro um ano atrás.

“Terminei”. Foi a carta de dezembro do ano sete. Soube que Pedro entenderia. Ou talvez pensasse em muitos sentidos para aquele verbo, mas apenas um haveria de deixar seu coração mais aflito do que nunca. Só um o faria voltar ao sinal de sempre.

Durante dois anos ela atravessou àquela mesma rua. Tinha dias que chegava da faculdade bem de noitinha e sentava no meio fio. Examinando a poesia que saia daquele bonequinho que ora era verde, ora era vermelho. E as duas opções de destino que ele lhe oferecia.

Passados mais um ano sua esperança foi-se esvaindo. Não poderia jamais ter tanto amor por outra pessoa. Pedro era um clóvis muito mal que à deixara sozinha. Vã. Atravessando a mesma rua. Fora feita de palhaça.

Não. Era ele o palhaço. No dia primeiro de setembro ela estava com pressa e resolveu seguir correndo para o sinal adiante. Ele a puxou. Usava uma bolota vermelha no nariz, muito parecida com uma que ela tinha quando era pequena.

Sinal verde.




Severa Maria

14 de maio de 2009

Severa, Beltrana, dois sucos de laranja e O teatro

Ainda é complicado lidar com a frequência, para mim. Por vezes percebi que tinha que dar uma passada por aqui, mas nem uma (nenhuma) mísera idéa pintou. Vir falar do aniversário do mendigo da esquina já seria clichê. Mesmo Karl Marx sendo Karl Marx e taurinos não sendo mendigos, ou mendigos metidos. Nada mais de astrologia.

Vou fazer desse post um cronograma; aquela última página da edição de uma revista, com as matérias da próxima edição.

* Comecei a escrever um novo conto. Nunca postei nenhum meu aqui por vergonha e medo. Meus contos são legitimamente parte de mim e me expor sem ironia e subjetivos não é confortável. O título é Memórias do Cartão. Boa sorte (saudade de gente que faz graça usando a mais simples das recomendações).

* Quero comentar a morte de um grande autor de teatro que tem estado na mídia durante essa semana. Mostrar minha metida perspectiva.

* Teatro, teatro, teatro...

A paixão continua. Nasce na besteirice de papos engraçados, entre pessoas engraçadas e inusitadas. Que sentam na praça, com caderninhos, tirando onda de personalidade, tirando onda de zé ninguém que pede um suco de laranja e conversa sobre noitadas em boates cariocas e os textos de Sartre. "Não vamos desperdiçar Sartre assim". Muto doidas!!

Cresce naquele mesmo lugar. Antro. Escola. Abrigo. Nosso querido hospício. Agente cata gente; pinça pessoas que como nós se sentem a vontade em fazer merda e rir da merda. MERDA. MERDA. MUITA MERDA.

Muita saudade! Eu estou crescendo ali ainda. É muito bom voltar pra casa. Encontrar a família. Lembrar do natal, do carnaval, de contos infantis, de defuntos.

Um suco de laranja e a conta. Um suco de laranja e um conto. Um suco de laranja e uma história pra contar. Uma história que está apenas começando.

Anda... Entra!! Ninguém está entrando...

MERDA!!

5 de maio de 2009

Conflito astro-social e congratulações

Falei que maio é O mês! Descobri hoje que meu ídolo mor faz aniversário hoje. Sendo ele taurino nós poderíamos ter nos dado muito bem há cento e noventa e um anos atrás. Ele não era apenas taurino, mas inglês e foi o idelizador da filosofia socialista; ele nasceu pra mim!

Apesar de tudo ser muito contraditório. Eu não imagino um taurino idealizando tal filosofia. Acho que nem dados museológicos teriam a hora exata do nascimento, senão poderíamos calcular o ascendente, que provavelmente é revelador.



Pra quem estava com saudade de me surpreender divagando sobre astrologia... (ninguém?)

4 de maio de 2009

Meu MAIO

Gosto de datas e respeito a cronologia; penso ser uma das invenções mais lógicas da humanidade.

Nasci em fevereiro por presente divino. Sou filha do carnaval e estou em casa quando estou na rua coberta de confete e serpentina.

Já as estrelas do céu nasceram em setembro. Já olhastes algumas vez o céu em setembro? É lindo, mais lindo que em qualquer época do ano! Ou eu ouço muito Earth, Wind and Fire. Setembro e suas estrelas...

Porém, as coisas acontecem em maio. Guardo segredo dos momentos mais maravilhosos que vivi neste mês, apesar de acreditar que meus leitores compreendam bem a subjetividade.

Parabenizo os aniversariantes! São muitos amigos, muitos taurinos exasperados que inesperadamente cruzam a minha vida. Alguns poucos geminianos encolhidos que são acolhidos com muito carinho também.

O mês já chega pedindo pra eternizar. Chega me balançando (em ritmo de funk) e mostrando que "maio é maio". Ature as lembranças e sinta saudade, Anna Luiza, a vida corre mais que os doze meses de um ano. Um ano. Maio foi meu mês um e ... um ano. Ature as lembranças e sinta saudade, Anna Luiza.

Dia quinze de ...? Maio, tem show do Skank. A música de Maio só podia ser deles.





RESPOSTA


Bem mais que o tempo que nós perdemos, ficou prá trás também o que nos juntou. Ainda lembro que eu estava lendo, só pra saber o que você achou dos versos que eu fiz e ainda espero resposta.

Desfaz o vento o que há por dentro desse lugar que ninguém mais pisou. Você está vendo o que está acontecendo? Nesse caderno sei que ainda estão: os versos seus, tão meus que peço nos versos meus, tão seus que esperem.

Que os aceite em paz.

Eu digo que eu sou o antigo do que vai adiante. Sem mais eu fico onde estou. Prefiro continuar distante.

Bem mais que o tempo que nós perdemos, ficou prá trás também. O que nos juntou? Ainda lembro que eu estava lendo só, pra saber o que você achou. Dos versos seus tão meus que peço. Dos versos meus tão seus que esperem que os aceite.

Em paz eu digo que eu sou. O antigo do que vai adiante, sem mais. Eu fico onde estou, prefiro continuar distante. Em paz eu digo que eu sou. O antigo do que vai adiante, sem mais. Eu fico onde estou, prefiro continuar distante.

Desfaz o vento. O que há por dentro desse lugar que ninguém mais pisou? Você está vendo o que está acontecendo: nesse caderno sei que ainda estão os versos seus tão meus que peço nos versos meus tão seus que esperem. Que os aceite.

Em paz, eu digo que eu sou o antigo do que vai adiante. Sem mais. Eu fico onde estou. Prefiro: continuar distante.

Em paz, eu digo que eu sou o antigo do que vai adiante sem mais. Eu fico onde estou. Prefiro continuar distante.

Em paz. Eu digo que eu sou o antigo do que vai adiante. Sem mais eu fico onde estou. Prefiro. Continuar distante?

29 de abril de 2009

Este é um texto amador.

Promessa cumprida, mas vou avisando desde já que deixarei muitas pessoas desapontadas com a minha opinião. Sou tradicionalista no que diz respeito ao assunto da promessa. E promessa feita é promessa cumprida. Velocidade cumprida, assunto a cumprir. E muitos amigos meus compreendendo tudo da uma maneira errada. Não toco mais no assunto prometer.


Retirei o substantivo amadorismo, que é mais utilizado na sua forma adjetiva, de uma citação recente do Papa. Ao longo de uma discussão interessante sobre a tal citação, jogamos um jogo que é dos meus favoritos; resolvi nomeá-lo como Caça-significado. Durante alguns minutos me dediquei à arte de compor um significado para o adjetivo amador.


Segundo o site Wikipédia é o adjetivo usado para designar o desempenho de uma atividade profissional por pessoas sem conhecimento avançado no assunto e sem aparato técnico. Não devemos entretanto, nos esquecer da palavra significado quando fizermos uma procura semântica no Google, por exemplo, ou estaremos sujeitos a uma infinidade de sites sobre vídeos de sexo amador.


Estamos na era da glorificação espontânea dessas atividades; não falo apenas dos vídeos pornográficos (entendo a condição a humana, nesse ponto), mas de outros tipos de vídeos, textos, imagens e meios de comunicação que aderiram à técnica do “vai assim mesmo, está natural”. Sou fã da naturalidade. Mesmo! Admiro os naturalistas e ser natural faz parte do meu código moral. Sou fã também do profissionalismo e da inteligência, da busca pelo aprimoramento de qualquer atividade.


Só procuro vídeos na internet por indicação dos amigos fissurados (exemplos de público-alvo, de cliente). Também não consigo escapar do Pedro Henrique (outro fissurado, outro cliente). Ele chega à casa do “trabalho” e quando não vai para o clube ou quando não assiste seus programas “complexos”, normalmente está sentado à frente do notebook rindo horas a fio de uma mesma espécie de semi-película.


São experiências como essas que me deram base para argumentar no exato momento. Sou influenciada apenas pelo fato de não ser atraída por comédias, pra falar a verdade tenho pouquíssima simpatia por elas. Sou fã da gargalhada de surpresa, da que ninguém espera, do papo com os amigos. Seria uma cliente em potencial se os vídeos fossem uma coletânea de papos camaradas do dia-a-dia. Até existem esses também, mas em sua maioria eles estão presos a um círculo próprio de visitantes, o que é um ponto interessante. O primeiro de poucos.


Outro tipo de comédia me agrada: a infantil. A que vem perdendo espaço para as inúmeras atividades tecnológicas disponíveis dentro de casa para os pequeninos. A comédia pura e ingênua, até pouco sagaz, mas a que te proporcionava as verdadeiras gargalhadas naturais quando você ainda não precisava procurar breves momentos de felicidade; eles apareciam como em um passe de mágica, como tudo na infância, que passa e nem nos damos conta.


Minha crítica é ao estímulo da comédia banal, da comédia ignorante. Mesmo aos programas de TV que estimulam a bestialidade. Esse tipo de entretenimento é de origem norte-americana, é claro. Não tenho nada contra norte-americanos, afinal eles têm Nova Iorque! , mas sabemos que não são os melhores piadistas. Quem sou eu para classificar os melhores piadistas?


A inspiração de hoje é uma paixão. Meu príncipe encantado, que ano passado escreveu um artigo criticando a atitude boboca (adjetivo perfeito) de um apresentador de um desses programas. “Estamos nos idiotizando. O que vai na cabeça de um sujeito que tem como profissão jogar meleca nos outros? É a espetacularização da babaquice. Amigos, a mediocridade é amiga da barbárie! E a coisa tá feia.” Está mesmo meu amor.


Meu segundo ponto positivo é a democratização oferecida pela disponibilização desses materiais, apesar de achar que é “para inglês ver”, pois a capacidade de julgar a qualidade vem da formação intelectual e cultural. Se a acessibilidade nos permite encontrar o joio (e quanto joio...) e o trigo, ela não está tão disposta a nos ensinar a separá-los.


Uma idéia é tratar desse assunto no âmbito educacional. Já que as escolas estão se modernizando, os professores da rede estadual têm notebooks para “dar e vender”, porque não começar a informar aos estudantes sobre como fazer uma pesquisa de qualidade on-line? Como utilizar a internet para progredir intelectualmente?


Talvez um dia os jovens entrem na internet tomados de informações sobre os gênios da comédia cênica e possam classificar o que de verdade vale à pena. O que não valer, obviamente, fica de aprendizado. É muito importante, porém, que determinados amadores não sejam eleitos personalidades do ano, da década; como vemos recentemente.


Estou aqui na condição de um ser em progresso e sei que um dia serei uma brilhante profissional. Não me confundo, meu texto é um mero relato dos meus pensamentos. Espero que meus leitores também não.




...




Quem será meu príncipe encantado: http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2008/05/29/_meleca_no_ator_-_leia_artigo_indignado_de_wagner_moura_apos_cagada_de_reporter-546555776.asp

26 de abril de 2009

Admirando o astuto

Acho que perdi o jeito com as palavras. São meses sem lhes responder, sem me responder. Tenho pra mim que por isso venho falar de comunicação.

Na bagunça dos meus pensamentos de dezoito confundo significados e apelo para figuras de linguagem, quase sempre a metonímia nossa de cada dia. Ao fim penso que sei muito pouco. E saber muito pouco me avisa o pouco tempo que tenho para tanto descobrir. Como aprender a ser sábio em tão "pouco" tempo?

Venho ser oobjetiva e discutir a plenitude das palavras, mesmo com o meu mal lavado vocabulário. A inspiração partiu da recorrente auto-classificação de meus pensamentos como primitivos.

Atribuí a minha indignação para comigo mesma opiniões um tanto quanto adversas. Opiniões com quais nunca imaginei concordar, mas aqui estou me valendo de dois adjetivos absolutamente plagiados. Só me resta caracterizar meu raciocínio e minha conectividade de pensamentos e expressões de pensamentos como amadora e ingênua.

Quero falar do amadorismo atualmente. Tenho muito o que falar. Minha opinião é a de que os brasileiros são amadores por natureza. E a de que nunca na história se venerou tanto tal qualidade. Deixo o assunto pra outro dia, prometendo rapidez e esperando que a falta de técnica da minha abusada tentativa de expressão também seja venerada, ao menos acolhida.

Enxergo neste assunto anterior uma via de mão dupla; mais uma contradição. Mais prós. Mais contras. Então me cabe associar a este meu ponto de vista a ingenuidade. Sou a contradição em pessoa e admito não me esforçar muito para definir o sim ou o não. Quero distância da praticidade no que diz respeito ao pensar, ao concluir. Sou do contra.

Se sou a favor é pra te contrariar. Como algum dia irei convencer alguém como sendo uma comunicadora eu não sei. Sei que ninguém está atrás de confusão; todos só querem abrir o jornal e aderir a uma opinião por adequação. Eu nunca quis me adequar.

Se alguém está lendo o que acabo de escrever e sabe se existe mesmo memória virtual, me avise. Sou A ignorante em tecnologia. Não sei de que maneira escrever todas essas alucinações afetará minha futura carreira.

Sábado passado foi um desses dias em que me surpreendi cheia de esperança. Esperança essa originária de um artigo que li chamado "A astúcia das palavras". Fui chamada pela astúcia das palavras e no minuto seguinte recolhi a caneta no fundo da mochila e comecei a sublinhar "Em um mundo fascinado pelas imagens e pelas superfícies, os repórteres são vistos como guardiões da objetividade. Com seu apego aos fatos, eles nos impedem de enlouquecer".

Você deve estar se perguntando de onde brotou esperança. A resposta mais uma vez é a contradição: nas palavras do escritor. "'Um repórter não é um simples caçador de imagens (...) Ele deve saber captar as visões do espírito' (...) o jornalismo não é um espelho, em que o mundo se reflete serenamente, mas uma broca barulhenta que, aos trancos, o perfura. No fim do esforço, restam, apenas, palavras".

Possivelmente eu estou no caminho certo. Minha mente é uma batalha iluminista cercada de dúvidas entre o racional e o passional. Me apego aos fatos, mas sou amante das emoções. O que escrevo vem de sentimentalismo barato, de romantismo camuflado de ironia. O que falo já é mais como a tal broca barulhenta. No fim de esforço restam apenas essas palavras pelas quais me apaixonei. A tal linguagem da qual não abro mão.

O artigo também falou de coragem e ainda disse como a luta para um jornalista é uma ética. Me encantei. Vou terminando meu texto quase todo em intertextualidade.

Aos que perseveraram na leitura e detectaram, assim como eu, o contínuo uso das mesma palavras e dos mesmos encaixes linguísticos, considero essas observações parte de um estilo. Estou, agora, orgulhosa de tê-lo e por ora não me envergonho desse ser também um indício de amadorismo. Continuo me atrevendo entre versos.

"Seres da superfície, só com muito esforço afundamos o rosto no oceano. Somos, em definitivo, prisioneiros das imagens; só as palavras nos salvam de enlouquecer. Mesmo com elas, porém, devemos ser prudentes."

20 de março de 2009

Costa de mim

Venho por intermédio deste veículo pedir desculpas ao navegantes desta minha humilde... escuna? Foi o único meio de transporte marítimo que me veio na cabeça; sabe-se lá porque.

Mas estou de partida novamente. Desta vez vou num barco maior.

Só peço que aguardem minhas viagens em alto mar. Prometo postar dia 25.

2 de março de 2009

O Diário da foliã



20/02

"Coisa de Paulista", mais uma expressão fraudulenta do nosso dia-a-dia. Como se não bastassem as inúmeras fraudes com as quais nos deparamos diariamente por aqui. Mas hoje vim falar dessa. Qual a base que temos, nós cariocas, para julgar o perfil de cidadãos que muitas vezes nem conhecemos? Eu, por exemplo, conheço poucos paulistas, conheço pouco São Paulo, conheço pouco dessa rotina peculiar que dizem que eles têm.

Estou curiosa desde o ano passado para passar um tempo observando tal comportamento. Certamente passearei por São Paulo anotando cada comportamento absurdo e cada fato surpreendente. Certamente...

Estou curiosa porque tenho inveja da quantidade de espetáculos que me parecem maravilhosos que chegam primeiro por lá. E porque quando procuro filmes estrangeiros na internet na maioria das vezes eles só existem em locadoras paulistas. Quer dizer paulistanas.

Está aí a grande fraude. Se há um estereótipo social (ou geográfico) deve ser pelo menos corretamente traduzido linguísticamente. "Paulista gosta de shopping porque lá não tem praia". Paulistas têm praia. Paulistanos não. Paulistanos têm inúmeras peças de teatro, inúmeros filmes estrangeiros, inúmeros restaurantes, inúmeros shoppings com inúmeras vitrines...

Olha que desacordo, a carioca aqui começou a sexta-feira de Carnaval marcando de ir para um bloco e terminou no shopping. Vendo um filminho americano mesmo, comendo comida meio americana mesmo e vendo vitrines meio americanas mesmo. Apesar de tudo parecer muito fútil, nenhum ser feminino resiste.

E o bloco ficou pra depois. Foi substituído por uma conversa on-line. Que péssima carioca que eu sou!

15 de fevereiro de 2009

Sou solto em qualquer lugar

Vai começar a minha alegria. Inspirada pelas postagens recentes de uma certa conhecida e pelos preparativos da mais bonita festa do mundo vim dar meu parecer sobre as carioquices mais amáveis. Estarei a bajular minha cidade explendorosamente maravilhosa; descobri até a beleza de uma tarde nublada aqui.

Três meninas empolgadas de baixo de uma árvore na General Osório às três da tarde de sábado esperando a chuva passar.

- Vamos até a pedra pra você poder tirar foto enquanto o bloco não sai.
- Daí quando agente voltar o bloco já deve ter começado a desfilar.

Chegando no Arpoador tinha um tal de Aquecimento Global, depois fui descobrir que é seu primeiro ano. Um bloco que não desfila, toca muitas marchinhas e muito Ben Jor (bem ao gosto do freguês), tem uma vista bem bonita e pessoas em pernas de pau. Tiramos fotos bem bonitas, mas nada como viver aqui e presenciar tudo de bom que essa cidade oferece.

Hoje tive um bom almoço de domingo e a ótima companhia me fez repetir que adoro essa cidade nas nossas conversas interessantes. Moraria em outros lugares no mundo, nos mais diferentes possíveis, mas passaria horas declarando o quanto sou apaixonada pelo Rio.

Na sexta tive uma festa infantil. Alguém muito especial completou um ano de vida. A Ferinha da Titia, assim vamos chamá-lo por enquanto por aqui. Levei a família para encontrar outra parte da família, a que agente escolhe segundo o ditado popular. Brinquei muito, comi muito, ri muito, dancei muito. Topei de tudo; só pelas amigas, porque o quê não faço por elas?

Terminei minha noite de sexta na Lapa. Fui pra uma das muitas festas de gente grande que rolavam por lá. O Monobloco tava cheio, eu não vi o que tinha no Circo e um tal de Mofo me agradou. Lá estava muito agradável mesmo. Boa música e boa frequência (o que exatamente as pessoas querem dizer quando dizem que a frequência é boa?).

Eba! Terminei minha noite de sábado na Lapa também! Fui pro Banga. Dançar. Só dançar. Recomendo dançar muito a noite inteira. Recomendo o banga pra isso. Recomendo companhias maravilhosas na cidade maravilhosa. Liberem suas delícias, parado não dá pra ficar...

Brevidades

Perdoem-me os saudáveis em seu sono, mas sou das que sabe aproveitar bem uma noite de insônia. Me recolho ao canto mais fresquinho do meu banheiro e desato a escrever tudo o que penso.

...

Aqui está o tudo, inclusive essa última.

...

Eu nunca soube convencer ninguém. Veja por este texto que agora estás lendo, em nada é muito convincente. Mas sou uma boa cobaia para experimentos musicais. Conheci música pelo comercial do Guaraná Antarctica. Descobri música na primeira série com o Tio Beto e sua seleção de Bossas Velhas.

...

Análise combinatória
UFF , UFRJ , PUC
UFRJ, UFF, PUC
PUC , UFRJ , UFF

...

Remédios são remédios. E loucura é você. E só piora com crise de abstinência; minhas loucuras ainda são as mesmas. Espero não ser tão previsível. Ou só pra você.

...

Dois meses sem Cultura para uma aficcionada em séries e filmes estrangeiros significam dois meses de muita conversação individual em inglês. Desculpe-me a multidão brasileira (e mesmo mundial) que tanto odeia a língua inglesa, mas além do argumento óbvio da sua total necessidade no mundo atual, eu sou bastante fã da língua. Sou fruto de uma geração de louva o rock alternativo, o sotaque britânico, o Artic Monkeys e o Hugh Grant.

Vou defender mesmo. Voltar as aulas, mesmo que dois dias por semana, serviu para ouvir meu professor dizer algo que eu realmente nunca me dei conta. Está certo que sai todo dia nos jornais e todo mundo aprende em geografia, mas hoje eu tive breves cinco minutos de reflexão e me dei conta de que a potência mundial é quem é. E levando em consideração a crise atual, que impacto não?

Em tempos de crise eu sou bolsista no curso de inglês. Irônico não? Ou melhor, lógico. Em tempos de crise eu queria mesmo era ver a posse do Obama. Olha, eu sei que tudo que falo é absolutamente contraditório, mas é meu direito. Em tempos de crise, a menina que se admite concebida por uma geração indie e que supostamente adora a contra-cultura discutiu direitos hoje em inglês?

...

Ser ufanista não resolve o problema; a não utilização de recursos exteriores reprime a capacidade intelectual, que é justamente o que se deve ser estimulado. Investir no imaginário infantil é necessário e fazer isso através das letras é a solução; afinal para bom entendedor da língua portuguesa meia palavra não basta.

...

O fato de que a humanidade continuará aprendendo enquanto tiver capacidade de se surpreender com o mundo é claro e de importância vital para que possamos estimular uns aos outros e então trabalhar unidos em prol da busaca por conhecimento, sendo parte de uma escola universal: a escola da vida.

EVITE FAZER PERÍODOS ÚNICOS. ELES PODEM COMPROMETER A CLAREZA DO TEXTO

...

Nunca mais vou pirar por causa de uma nota como no ano passado.
Nunca diga nunca.

http://www.youtube.com/watch?v=XCVzgwu7qFg

11 de fevereiro de 2009

A Bíblia

Direto da casa de um amigo, nada amigo, que esquece muitas vezes e que pra isso nós temos que bater aqui. Ele deixa agente esperando uns minutos (charme, segundo a amiga aqui ao lado). Agente senta na cama. Tem sempre um violão. Eu não sei tocar. Eles sabem. Pudera; três anos sentada, no intervalo ou durante as aulas, em banquinhos azuis e ouvindo de todos os tipos em violões e não entendo nada de acordes e notas.

Ainda me gabo de melodias bem compostas; um outro amigo complicado me ensinou a criticá-las. Ele entende de música. Eu não. Pra mim elas são como amigos; sempre falei que amigos são como música, mas é vice-versa. Quando faz tempo que você não vê aquele amigo querido são muitas saudades. E quando você sabe que conhece ele muito bem parece que nada mudou, que a melodia ainda é maravilhosa, há identificação, mesmo que nos julguemos leigos no assunto música. É só que nos sentimos bem.

Estes aqui reclamam de não serem apresentados. São o senhor e a senhora Piada. Muitas risadas por aqui. Muitas sobre a superbanda Charlie Brow Junior. Não presiso explicar qual a facilidade de se fazer piada de tal banda. Mas vou dar nome ao complicado. Mr. Teteca. Raramente visita o meu blog. Mas é um bom amigo.

Descobri que vão e vêem. Algumas faixas estão sempre na Night, na casa de qualquer um. E apesar de aquelas que voltam de vez em quando a ser o hit parade serem muito egoístas, ainda as consideramos insuperáveis. Quero pedir às completamente sumidas que mandem um sinal. Fazemos amigos sem perceber que de verdade estamos fazendo algo. Sem saber que esta construção não é planejada. Ora pois.

Sabemos muitas outras coisas, entre nós. Sabemos qual o dia da colação. E para não desfazer o que é bonito entre amigos, os guardamos. Daqui a pouco o sol se põe. Não fica preocupada mãe, eu to voltando pra casa.

4 de fevereiro de 2009

Totally High



Andando pelas ruas do meu querido bairro, dia desses encontrei um amigo querido. Ouvi um psiu e já ia sendo bastante mal-educada com o qualquer que reparava na minha roupa de ginástica (não que eu seja muito atlética...), quando percebi o quão... querido, era o suposto psiu.

Papo veio e foi num piscar de olhos e usamos tantas expressões como uso agora pra falar de um tempo bom. Desculpem-me, mas eu tive infância e amigos maravilhosos pra compartilhá-la comigo. Lembramos de como garotos de doze anos são chatos e irritantes e como apenas uma menina de doze era capaz de aturar todos eles.

Estão enganados se pensam que a menina de doze era eu. Eu era certamente a estouradinha, a encrequeira e também a que sempre falava do futuro (mesmo ninguém ligando pro futuro aos doze anos). Uma das minhas mais chegadas era a sociável. Ai que inveja!

Todos falavam com ela. E acreditem ela nem era tão bonita, nem oferecida... Fazia a linha moleca amiga de todos. Era até minha amiga! E tinha uma melhor amigo. O mais chato de todos. O mais bonito também...

Mas ele passava longe do meu perfil de prícipe encantado. Não era esquisito e tinha sempre uma piadinha pra fazer sobre tudo. Nunca fui boa para respostas. Lerda, eu pensava demais. Entretanto agente cresceu e começou a perceber que um não vivia sem o outro.

Bom, ainda não sigo em frente sem uma trupe aí... Mas, eu contei que agente cresceu? Pois é. E essa é a notícia ruim. Em um ano temos 'a viagem perfeita, os amigos perfeitos, que viveriam para sempre juntos', e no outro temos um conflito daqueles, e no outro eu encontro o melhor amigo da minha melhor amiga e percebo que ele se tornou meu melhor amigo, mas que eles nem se falam mais.

E esse comentário é pra deixar todo mundo com vergonha mesmo. Menos eu. Sou bem sem-vergonha, como diz papai. E olha como tudo é muito engraçado, cinco minutos antes de cruzar com meu (sarado!) amigo psiu eu liguei pra minha (linda!) amiga sociável procurando uma outra (perfeita) amiga minha e descobri que ela estava onde?

Na pré-estréia do Operação Valquíria. Passaria o dia inteiro escrevendo sobre a beleza de Tom Cruise, mas seria muito pouco diante do que o momento acima fotografado representa.

Algumas coisas eu aprendi crescendo; mesmo sendo essa uma parte nada agradável da vida. Que, sim, o Tom Cruise pode um dia estar ao seu lado. Que você talvez não precise nem estar em NY (que ironia em Lor???). Que pessoas crescem e nem por isso deixam de amar o que representam uma pra outra. Que nem sempre o psiu que você ouve na esquina merece um palavrão como resposta.

Amo todos os meus amigos de infância. Lor esse título foi pra você!