23 de outubro de 2009

ela não é princesa, nem ainda é

Sem criatividade para o título desse...
Quero paz. Continuo pedindo desculpas; sabendo que não tive intenção de fazer nada além de literatura.


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Eu estava escondido na borda da cama, quando ela levantou as pálpebras e olhou pra mim como se nada visse. Esfregou os olhos, esticou as pernas, seus lindos pés descobertos finalmente. Aguardei todo o dia por aquele momento. Só às nove ela levantou.

Despiu a blusa a larga, a lingerie. Nua não era como as outras; era tão branquinha que dava medo. Pegou um rádio velho e saiu. No quintal um tapete quentinho, uma lona vermelha e um balanço. ela olhando pra Lua que lhe entregou um vestido:

- Não tens vergonha?

- Morrerei sem ela. No entanto não sei bem o que tenho e o que não tenho. Nem me conheço.

- Estás linda como nunca.

- Só posso aceitar isso.

Tomou o vestido. Se fizeram uma fita e dois grampos também. A Lua branca, ela branca, o vestido verde, a fita verde e um rabo-de-cavalo nada sensual. Ou totalmente. Pus sem que ela notasse quatro copos no balanço.

Naquela noite caíram duas chuvas: uma de tulipas e outra de groselha. ela ligou o rádio e aos acordes de um baixo triste ia catando as tulipas. Procurava algo em seu interior minuciosamente; eu ia lhe entregar uma lupa, quando bateram na porta. De uma só vez. ela começava a ficar aflita procurando a possível tulipa premiada.

Eu maluco procurei também. Encontrei de primeira uma chave velha, ela arrancou da minha mão, quase me feriu. Abriu a porta, depois de muito tempo e da única batida. Era um casal; Ela estonteante; Ele cego não largava suas mãos:

- Onde viemos jantar?

- Não vamos nos demorar. Venho trazer um presente.

- Para quem?

- Ninguém. Você não consegue mais vê-la.

- Acho que só vejo você.

- E somos felizes não somos?

- Muito.

ela depositou a tulipa premiada num dos quatro copos de groselha e ofereceu os outros três. Eles brindaram, estavam felizes. Até que a Lua anunciou a Hora dos presentes. ela envergonhada nada tinha. Tinha só seu vestido, sua fita, seus grampos, nem a tulipa mais... Arrancou tudo, quase rasgou. Entregou na mesma hora pra Ela. Tinha muita vergonha!

Ela era serena. Dava pra notar. Tirou de uma capa um aquário com um peixinho. O pôs em frente aos seus olhos castanhos e viu os piedosos verdes dela imensos. De pavor, de compaixão, ela era muito confusa. Estendeu belos braços e deu-lhe o presente.

ela tremia tanto as mãos que lágrimas tiveram que repor a água jogada fora pela sua atrapalhância. Como estava feliz. Como estavam. Bebiam groselha infindávelmente e trocavam palavras bêbadas sem álcool, palavras tão bonitas que eu tinha inveja. A inveja a todos consome. Até à mim que não existo. Ou só existo pra ela.

Deram oito da manhã. ela estava triste porque o lindo casal ia embora, não queria que eles a deixassem sozinha, agora sem a Lua. ela nem me viu trazendo uma manta durante a noite. ela sentia que não sentia nada por eles, mas sentia tanto. Não tinha inveja, mas tinha orgulho. Orgulhosamente poesia.

ela se encontrou. Ela se despediu, estava na hora de viajar. Acompanhou eles até a porta, eu a escancarei. ela trazia seu presente rindo, com todos os sisos. Só podia sorrir para Ela, porque Ele não a via.

Foi então que enfiou suas mãos pra retirar o peixinho, que adormeceu no ar; bateu no chão duro e não sentiu nada. Ela compreendeu tudo muito rapidamente e bebeu num gole só a água, sem mais lágrimas. Deu pra Ele um áquário de presente. Saíram andando, de mãos dadas, de verdade. ela sabia o quanto a realidade era invejável.

Eu chorei muito quando ela fechou a porta e pôs a música no último volume. Nem me via, nem me ouvia, nem ao menos me ofereceu o copo fervente de groselha. Olhou para o peixe no chão.

"Bendita é a vida que eu não enxergo. Cega não sou. Queria ser cega de amor, como os amigos.
Bendito são os amigos e a vida, que se casam trazendo rebentos, poemas, fragmentos que eu não canso de enunciar. Sou inspiração somente." Disse ela.

Catou o peixe. Acariciou. Se acariciou. Eu queria ser o peixe. Eu queria ser a tulipa que ela tirava do copo e passava nos lábios. Jogou o peixe na groselha ardente. Peixinho estava muito bem. ela estava quente. Eu estava ali. ela me viu:

- Tem fogo?

19 de outubro de 2009

Show de mãe e filha

Já dizia ontem Alcione no Irritando Fernanda Young que a inveja é palpável. E como é.

Na era digital ela é um post de um blog sem comentários.


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Brevemente,

ontem fui a um show com a mamãe. Como são maravilhosos esses momentos.

Preciso dividir com vocês que mamãe ouvia Lápis de Cor enquanto eu estava na barriga. Eu cresci e meus desenhos eram a música. Ah... Pegadinha de Deus pra eu ter fé. E eu tenho. Fico todo arrepiada.

A mamãe chora do meu lado ouvindo a música no show. Eu limpo rapidamente as lágrimas de medo deu não ter ela um dia. Porque meu mundo, foi ela que começou a colorir.

Nada é por acaso. Clichê não seria clichê se você nunca o tivesse ouvido, lido, detectado.

MÃE EU TE AMO MUITO

Isso tem tudo haver com meu momento risos e gargalhadas. Por isso postei.

Sem querer querendo

Ainda duvidam da astúcia da internet. É ela que faz as palmas das mãos da mocinha grená como seu esmalte da moda. Porque ela não sabe navegar por abismos; ela tenta; faz de tudo; mas sua vida é uma grande imensidão de cores. Formas que vão além das teorias filosóficas, ela sente. E sentir é mais do ser real ou não. Um conselho: aprenda com as aulas de filosofia. Ou Matrix vai ser só um filme na estante.

Uma fantasia talvez. Lá vem o menino por a mão na orelha do monstro pra contar que é mentira. E não é. Não foi. Agora é nada. Agora a mocinha corre pelo seu mundo novo despertando bons sentimentos nas criaturas mais obscuras, contando seus causos antigos. Por que não? Isso ela pode dizer que é só dela. Apesar dela ser comunista, querer dividir com o todo.

Fica calmo monstro, que a mocinha vai morrer em Terabítia. Vai ser só menino e monstro. Monstro bom, menina só tem medo de perder a amizade do menino, porque seu mundo é colorido de qualquer jeito. Em qualquer cosmos. Ela ta num outro plano. Mas é ser alimentado de ilusões que não abre mão de viver. Sua vida é melhor agora, depois da morte.

Ela renasceu mulher, sem ser feita mulher. Ela faz novos amigos meninos, porque sempre foi mais fácil. Ela doa as histórias, oferece tintas, e tem menino que até gama. Que ela esnoba. Continua correndo atrás dos amores impossíveis. Acabou de se dar conta de como nada foi em vão. Porque o monstro tem sentimento e morre de ciúmes, ser real às vezes nem faz sentir; às vezes o sonho faz mais.

Menino, segue seu rumo. Que a menina sabe que é só fantasma. Que ela ta feliz que o menino e o monstro se dão bem, que o monstro é tão de carne e osso. Ela vai continuar criando com as migalhas, não fique chateado. As migalhas tomam um significado maior pra ela. Ela já te esqueceu menino, ela ta rindo, ela ta gargalhando.

Já veio um gigante. Um anão. Uma louca. O samurai não foi embora e de boneco virou homem. E de homem ta virando a cabeça dela. Não mais que os dois furos no pescoço, que loucura! Os furinhos ficam melhor no pescoço! Mesmo sendo só uma ilusão.

A realidade é um possante, que te pega na margem quando você menos espera, e te carrega. O limite é muito pouco para ela dar importância.


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Esse é um conto. Espero ponto da louca, do anão e furos no pescoço.