27 de novembro de 2009

Metodologia do processo inspiracional

Prefiro escrever raivosa. O amor não me inspira tanto. Um amor perdido me inspira muito mais.

Ora, que constatação mais feia! E a pura verdade. A não ser pelo fato deu sentir e não escrever e sentindo, não esquecer, nem ter tempo pra escrever, nem pra mim, nem pra ninguém. Mas acho que isso que eu sinto é paixão. A sede de inspiração é amor. É quase contradição (dessas que ninguém resiste).

Gosto muito é de manter a discussão. Dar voz aos outros e falar demais. Aí também tem inspiração. Tem troca, tem ânsia e frio na barriga.

Ora, e que barriga mais friorenta a minha! Vou te contar que me jogo muito e nunca o suficiente. [que é suficiente?] Posso pular de um muro imenso e cair rindo lá embaixo. Posso me sentar no meio do muro, tentando me equilibrar, com muito medo de pular, curtindo o friozinho. No fundo sou mariquinhas também. E quem não é?

É, de certo é paixão mesmo. E paixão pode até me inspirar... Pois não sufoca e não liberta. Fica lá no meio do muro; dando frio na barriga.

Um dia eu pulo. Eu to só tentando conquistar o muro...

24 de novembro de 2009

Campeã no pique-esconde

Deixe já de presumir a verdade das coisas, porque o que incomoda é que elas são todas alteráveis.
Eu vou estalar meus dedos malestaladamente e toda a gostosura da famosa jujuba vermelha é nada perto do risco desconhecido da bala que explode na boca.
Eu vou estalar meus dedos malestaladamente e você quer todo o medo do escuro.
Eu vou estalar meus dedos malestaladamente, vão contar até cem rápido e agente procura um lugar pra se esconder.
Corre!

Fausto

Estou exausta. Falta tempo pra trabalhos, ensaios e provas; sobra tempo pra inspiração e paixão.

Este é o início de uma longa história. Acreditem.


...


Grades na varanda do mundo. Um cenário composto de contradições. Nada devia separá-lo do abismo lá de fora. No entanto, ali estava sua foto mais recente revelada em branco e preto. A saída de seu quarto pro horizonte, pro mar lá na frente, pra areia, pra pedra, pra grande pedra.

Fausto era seu nome; indiferente ao apelido de Dado. Nem ele sabia se era Dado ou Fausto, dentro ou fora, da grade. Era médio, todo médio. Por vezes sonhava em ser todo grande, mas lá estava ele pequeninho na imensidão. Covarde do mundo; todo dourado na quarta-feira de cinzas.

Tudo dourado. Ele era folião desde criancinha, mas tinha que devolver um livro na biblioteca. Ainda ia pagar multa de dois e cinqüenta. Mas lá vai... A bibliotecária ia estar lá só pra receber seu livro, no feriado, era pra rezar. Ele só não foi de joelhos porque preferia a lambreta que tinha. Foi voando. Queria que fosse de verdade.

Chegou sete minutos atrasado, com a cara da Dona emburrada. Ela parada na porta, batendo o pé, confabulando o quê que um moleque daquele ia querer com Machado de Assis. Mal sabia ela que ele era dos mais eruditos. O tempo fechou quando ele lhe disse que não tinha trocado e entregou duas notas de dois. Ela batia o pé mais acelerado; deu vontade dele tirar uma foto, ou uma arma e dar um tiro nela.

Sugeriu que ficasse de crédito. Ela disse “você nunca mais aluga livro aqui”. Ele disse “não saio daqui sem meu troco então”. A velha arrancou-lhe o livro da mão. Ele nunca tinha tido uma arma, era contra a violência, mas olhe bem! Ela tirou um livro gordo e velho da bolsa e disse que ele ficasse com aquele de troco. Ponto final.

Ele voltou puto pra casa. Tava deitado na cama olhando a foto, com o livro feio do lado. Mesmo que ele tivesse uma arma não atiraria. E se ele tivesse ferramentas a grade não tiraria. E se ele tivesse na beira certamente não pularia. Ora... Ele pegou o livro.

Descobriu que estava todo rabiscado. Não teve coragem de rasgar. Era um covarde por completo. Sem salvação. Sem a namorada que tinha viajado pra Búzios com os primos. Sem ninguém, com o bloco na rua e o livro feio do lado. Sem saco, começou a ler.

17 de novembro de 2009

Volta e meia na Lagoa

De João Brandão. No Tablado. Dias 19 e 26 de Novembro. Às 20:30. Entrada gratuita.

Apareçam!

9 de novembro de 2009

? Mata essa charada

Madrugada Azul sem luz
Dias de brinquedo
Linda assim me veio, e eu me entreguei
Inocente, mente, como um selvagem
como brilho esperto dos olhos de um cão

Amor, amor
Diz que pode depois morde pelas costas sem querer

Amor, amor
assim feito um leão caçando o medo

Meu caminho nesse mundo eu sei vai ter um brilho incerto e louco
dos que nunca perdem pouco
nunca levam pouco
Se um dia eu me der bem
vai ser sem jogo

é

Amor, amor
fiel me trai e me azeda
me adoça e faz viver
Amor, amor
eu quero só paixão
fogo e segredo

...

Como não tenho tempo (e em tempos de irracionalidade compulsiva, oprimida pelos anceios loucos que não quero refrear) resolvi buscar o poeta para a satisfação individual.

Quem matar primeiro ganha um Bis!

obs.: instiga