30 de abril de 2012

Os trastes do ConTRaL

Gosto desse negão de fantasia. Parece que daria certo sambar e fazer de tudo não dito erudito.
Se eu amo, é um menino. Um gaguejar. Todos os anti-exemplos que você decidiu imitar.

Eu quando sobe no palco. E quando constrói. E quando olha. E quando dói.

E mesmo quando não.

Eu amo que dá pra fazer comparação.

De todos os músicos, os letristas, os engenheiros, técnicos e marceneiros; de quê figurar de sabichão? Uma onda téc de info mexeu o mundo todo. E agora nem adianta decantar. Do processo químico mesmo.

Que não vale a pena evitar gostar de tudo copiado.

Eu amo a sua voz quando me canta algo já inventado.

22 de abril de 2012

abalroe


aqui com você tem prazo
e eu quero paz e manteiga
culpa sem hora pra acabar

não termina nada nem eu
dá qui sua mão que nem foi
de aperto em aperto, te levo
confia que sei dum breu
duma redoma,
de todo o vazio que toma
dá qui sua risada que nem oi
de acerto em acerto, prescrevo

por tu e por tudo
põe ponto não, que eu deixo tudo chei de vírgula, só
por aquilo e por amor
por pessoas e por pessoa
pra você ver eu me acabar de se e si e gula, e só

dá qui o relógio e a corrente que eu vou engolir
de olho fechado vem que dá tão espaço que té sumir

(...)

abalroar: investir impetuosamente

17 de abril de 2012

Amante,

Cabes direitinho nos meus delírios
Que são largos
Que eu afasto como nadar pra longe em mar aberto
Nem dou a mão
Eu uso a condição de uma fuga pra chegar perto

Daqui de um sentimento
Do meu olhar pra dentro
o mundo é uma sacanagem
A sombra do escuro
A sobra do casado
A sombra é só selvagem

"Quem vai virar o jogo
e transformar a perda em nossa recompensa?
Quando eu olhar pro lado
eu quero estar cercado
só de quem me interessa."

Eu não vou abrir o olho
Eu não quero ver o sol
nem pra ver você
Que assim de olho fechado tá bom
Que eu canto Lenine
me basta enlouquecer
enquanto tem você nesse amanhecer




16 de abril de 2012

Amigo,

E se inventassem uma máquina de fazer origami eu pegava o teu molde. Nada ia sair tão bom quanto aquela coleção que ainda guardo. No mais o sentimento é um papel em dobradura. Um quadrado plano que ganha volume. Eu enxerguei naquela flor uma paixão. A dobra é uma cicatriz, um aprendizado. Me faz delirar de bonito o meu quadrado todo dobrado.

E se conseguissem que eu me expressasse de outro jeito, eu prometo que lhe falaria com mais cautela. Aprendi com você o método. O tempo que demoram todas as coisas é necessário e incalculável. Primeiro esta dobra, depois aquela. Isso não é um móbile inteiro. É uma florzinha; perfeita em si. É que quando eu quero móbile eu fico cega e fazendo bolinha de papel do presente dos outros.

E se fosse pra enquadrar, te dava aquele quadrado. Hoje dobrado e amassado. Cheio de personalidade. Não posso inventar palavras pra falar do amor a um amigo. Devo ser direta. Eu vou escolher a moldura mais bonita pra uma obra de arte que fala de aprendizado. A reinvenção de uma amizade, cheia de atos e desatos, é de emoldurar. Eu quero que os que vierem entendam que o tempo destrói construindo.

Amigo, se a vida parasse pro almoço eu pedia arroz, feijão e farofa em sua homenagem. Apesar da peleja que é o vai e vem, há quem chegue pra ficar. E quem parta deixando um painel gigante de traçados lindos. Uma dobralinha liga-se a outra num caminho a uma espécie de reencontro. Tenha fé que o tempo é insuficiente pro tamanho amor que vivemos aqui.

Hoje se o mundo me permitisse eu costurava uma colcha de origamis pra te acalentar. Fazer isso com palavras fica mais fácil pra mim. E depois de um longo sono espero que acorde pleno para um recomeçar. Transformar-se num novo formato lindo, como os que você faz. Ciente das cicatrizes. O que faltava a minha flor era um apoio que a deixasse em pé. É o que posso garantir que não lhe falta(rá).