Dentro do estojo de uma menina havia este apontador. Ocupava o
mesmo lugar que uma moeda de um real. Era verde fluorescente e estava com
manchas de uso. Jazia ali na companhia de lápis bem apontados e canetas
esferográficas azuis.
Era o material menos utilizado. O que não é preciso renovar de mês
em mês, sequer de ano em ano. Ela fingia que não possuía apontador quando a
pediam e gostava de segura-lo bem apertado quando estava nervosa. Ele
simbolizava o tempo pra ela. Nenhum lápis volta a ser o mesmo depois de
apontado.
Ainda não tinham convencido aquela menina de que um lápis poderia
escrever tão bem após feita a primeira ponta. Era doloroso quando se quebrava.
Ela era cautelosa com movimentos bruscos no seu traçar. Conheceu sua primeira
paixão deixando um lápis recém-apontado cair.
Ele pegou, a entregou e começaram a conversar. O menino era bem
diferente das fantasias que sua cabeça faziam dele. Conhecê-lo melhor era ter a
certeza de diminuir o tamanho-lápis dessa relação. Mas aí ela descobriu que
fazer ponta também é bom.