16 de fevereiro de 2013

Pode avisar que eu não vou, eu to na estrada


O mundo é frágil. Mais que eu. Que qualquer um.

Perde-se a virgindade em qualquer esquina. E o grande amor.

Encontra-se dinheiro. E o grande amor. E perde.

Hoje eu saí de casa com a esperança no porta dólar. Você virou a esquina, pegou um avião. Não adiantou de nada.

Gosto de aeroporto pela inconstância revelada, deslavada. A felicidade pode estar na tristeza da mala extraviada. Ninguém pode saber.

Todo mundo deveria saber.

Eu vou pegar esse voo e deveria saber que quando ele pousar a minha esperança vai estar voando pra outro lugar. Junto com todo o controle que pensa o homem ter do mundo e tudo que vai mudar; tudo que eu deveria prever esperar.

4 de fevereiro de 2013

Alma del ebro


Hoje eu fiz um filme. Meu cadinho spielbergriano encontrou uma cidade perdida em Zaragoza e munida de toda a velocidade da bicicleta eu fui bem como uma heroína. Cachos ventosos, um casacão de frio e aqueles óculos escuros. Era como se a magrela fosse uma vespa, mas no fim ela tinha mesmo de ser magrela.

A adrenalina é na verdade o reconhecimento do tanto de apreço que se tem pelo se ama no mundo.

De vôo em vôo eu cantava verso por verso do samba da benção. E eu não mesmo sei como o abandono do mais recente estilo arquitetônico pode casar com um samba brasileiro, mas eu fui feliz.

Voar é uma questão de estar no chão. Lá de cima dá pra ver o quanto de medo do mundo todo de dar um impulso.

E o meu combustível é a poesia.

Quando ela acabar, não haverá magrela que me faça voar.

Eu sou uma vespa magrela sem tempo nem espaço e não quero nunca mais me achar.