22 de fevereiro de 2010

Sugerindo para acalentar

O carnaval acabou...

Fica uma música para repor as energias positivas para o ano que vem. Dou meu trecho favorito:

'Só desejava o amor dos homens pra bem amar'

11 de fevereiro de 2010

Pobre coelho vermelho

Esta é a história de um coelhinho no mundo sozinho. Um coelho vermelho que nem o verão, que nem é ficção. De olhos verdes reflexo da água de uma praia distante, lembrando semanas antes, quando saiu da cartola.

Ora, ora. O mágico anda fugido. É um vigarista, um bandido. Quem dera o coelho soubesse falar, mas só poucamente consegue levitar. Foi o que sobrou do feitiço sobre ele lançado, e ele ainda está bastante enfeitiçado, sentindo saudade das mãos do mágico em suas orelhas, quando viu o mundo viu primeiro suas sobrancelhas.

Cabeludas. Vestia camisas engraçadas e bonitas bermudas. Para engraçar-se mais tinha até um brinco, era um esquisito com cabelo pinto. 'Esse maluco só dá mesmo pra farçante, pra aprendiz de feiticeiro. Me transformou em um instante e no outro correu ligeiro.'

Durante a noite até que o pobre coelho foi bem tratado: entre os cumprimentos da platéia por seu feitor era carinhosamente acariciado. Depois de repensar os fatos, percebeu como foi feito de troféu. Pois recebeu notícias do paradeiro daquele antigo chapéu.

No escuro de um cantinho o coelho ainda nem se via vermelhinho. Agora não entendia a estranheza da sua cor. Nos versos da feitiçaria falada a proeza do domador. Palavras oblíquas sobre a Rita Lee, cantou uma música e aí... Cantou outras dez e se foi.

O animal cansou de esperar um outro oi. Leu no jornal que o mágico é letrista. Que adora dar pinta de artista... Em seu novo horizonte não fugiu destes mamíferos como àquele, encontrou uma coelhinha da playboy pra ser só dele. E o pobre fruto proibido da mágica descabida, que achou que ele era herói, disse que de João e Maria ele não chega a ser nem caubói.

Ah sim! O porquê dele ser todo rubro. Enfim, além do sol que fazia e do pêlo salobro, a conciência de que foi fantasia, foi como um sopro. A raiva, a agonia que agita, o ciúme que grita. E ele é só um coelho.

Querendo parar de levitar ele se fantasiou, porque no carnaval qualquer delírio não o é. Imita o sotaque das oblíquas palavras bandidas, se despede do resto de lembranças com bebida, tenta encontrar em vão uma cartola que é: igual ou como aquele boné.

Condição ausente

Soca o monitor
Todo o mundo é uma máquina
Engano não é
que a tela é colorida
Se enxergo em fonte bicolor
sem parafuso de vida

Abraça o monitor
Fala sem resposta
Aguarda um recomeço
um inexistente recomeço
Se o desencaixe é um assunto
a conversa é uma bosta
a interação é um tropeço

Ajoelha em frente ao monitor
solicite seu regresso
Deixa vazar o óleo humano
De entendimento da imperfeição
Ninguém é uma máquina
Percebe a beleza do engano;
não tem culpa nem o coração

(salve salve geração msn)

5 de fevereiro de 2010

Lendo meus textos? Veja meu filme!

Salve salve ... MINUTOS ANTES DE VOCE


http://www.youtube.com/watch?v=svfpnRnqDcQ

4 de fevereiro de 2010

Caio na rede

O rádio me aconselha “nenhum aquário é maior do que o mar”. Pois meus pensamentos viajam num mar de aquário celebrando os aniversariantes do por agora. É bem deles essa frase, que ensina a grandiosidade de um mundo que se quer descobrir, que se deixa molhar os pés e deita na areia olhando o céu imenso pra descobrir como somos ínfimos. É bem de um deles, de um compositor que adoro.

Deles posso falar com experiência. Tenho um legítimo de terceiro decanato em casa. Escolhia suas roupas, botava sua comida, preparava a nebulização, brigava quando ele tentava copiar as besteiras que o papai sempre fez; era difícil controlar as duas crianças em nossas viagens. No tempo das vacas gordas, quando ele resolvia gastar o vale que mamãe dava para a semana inteira distribuindo lanches para todos, eu era chamada. E todos tinham medo de mim. Mas ninguém se metia com ele. Porque lá estava eu. O peixe mais protegia o aquário que ele a mim.

Mais tarde fui expulsa do seu mundinho, como acontecem a todos os irmãos, antes de se necessitarem eternamente. Como hoje nos necessitamos eternamente. Nesse meio tempo conheci o mar. E ele abrigou outras águas, percebeu como poderia ser suficiente sem a minha presença. Hoje ta grande, ta trabalhando, ta saindo sozinho, ta invertendo as previsões de que quem sairia de casa primeiro seria eu.

Apesar do vazio que a lembrança preenche, digo da sensação de abrigo que eu era, fico feliz com o jovem aquariano que temos casa. Percebo finalmente como a humildade e a generosidade me foi ensinada por ele. Vai lá que ele quer usar uma capa de super-herói e se ver servidor público no futuro, mas pra mim ele será sempre o menino que esbanjava em comida na hora do recreio. Para ele não sei bem o que sou, talvez a irmã mais velha que senta no sofá trazendo uma panela de brigadeiro para assistirmos um besteirol americano nada inédito.

Ele puxa meus pés pro chão. Me mostra como ser terreno é divertido também, como é real, como é sensível e até possível. No fundo eu sou somente isso e não devemos nada um ao outro. Para mim finalmente não há nenhuma sede de autoritarismo, fico com a vontade de voltar para o meu lugar no sofá, com uma das colheres que enfio na panela, sem filosofar demais as gargalhadas que damos sem perceber. Tudo muito ao natural.

Impressiona a diferença radical entre a semântica do signo empregado para o signo – e essa só os mais inteligentes do zodíaco compreendem. Na verdade o aquário aprisiona menos que o mar, pois com ele pode-se passear por outros estados do mundo sem perder a vida. Enquanto estive no mar via muitos peixes caindo na rede, poucos aquários perdidos por lá. Ainda dizem que são os piscianos os mais sábios...

- Como? Se jogando na rede por diversão? Permanecendo lá em busca da aventura?

Os aquarianos não jogam redes e se deixam buscar ao natural.

Quero que as águas corram que eu vou junto.

No mar estamos os dois: peixes e aquário. Um nadando acelerado, contra a corrente e a favor. Outro boiando, observando o mar, observando a costa. Um acreditando que dentro do mar tem a liberdade de ir para onde quiser, com pena do outro que vive a boiar. Não sabe que aquário também pode afundar e viajar no mar. Só o aquário entende que na verdade os dois ocupam o mesmo lugar.

Parabéns aos aniversariantes!