11 de fevereiro de 2010

Pobre coelho vermelho

Esta é a história de um coelhinho no mundo sozinho. Um coelho vermelho que nem o verão, que nem é ficção. De olhos verdes reflexo da água de uma praia distante, lembrando semanas antes, quando saiu da cartola.

Ora, ora. O mágico anda fugido. É um vigarista, um bandido. Quem dera o coelho soubesse falar, mas só poucamente consegue levitar. Foi o que sobrou do feitiço sobre ele lançado, e ele ainda está bastante enfeitiçado, sentindo saudade das mãos do mágico em suas orelhas, quando viu o mundo viu primeiro suas sobrancelhas.

Cabeludas. Vestia camisas engraçadas e bonitas bermudas. Para engraçar-se mais tinha até um brinco, era um esquisito com cabelo pinto. 'Esse maluco só dá mesmo pra farçante, pra aprendiz de feiticeiro. Me transformou em um instante e no outro correu ligeiro.'

Durante a noite até que o pobre coelho foi bem tratado: entre os cumprimentos da platéia por seu feitor era carinhosamente acariciado. Depois de repensar os fatos, percebeu como foi feito de troféu. Pois recebeu notícias do paradeiro daquele antigo chapéu.

No escuro de um cantinho o coelho ainda nem se via vermelhinho. Agora não entendia a estranheza da sua cor. Nos versos da feitiçaria falada a proeza do domador. Palavras oblíquas sobre a Rita Lee, cantou uma música e aí... Cantou outras dez e se foi.

O animal cansou de esperar um outro oi. Leu no jornal que o mágico é letrista. Que adora dar pinta de artista... Em seu novo horizonte não fugiu destes mamíferos como àquele, encontrou uma coelhinha da playboy pra ser só dele. E o pobre fruto proibido da mágica descabida, que achou que ele era herói, disse que de João e Maria ele não chega a ser nem caubói.

Ah sim! O porquê dele ser todo rubro. Enfim, além do sol que fazia e do pêlo salobro, a conciência de que foi fantasia, foi como um sopro. A raiva, a agonia que agita, o ciúme que grita. E ele é só um coelho.

Querendo parar de levitar ele se fantasiou, porque no carnaval qualquer delírio não o é. Imita o sotaque das oblíquas palavras bandidas, se despede do resto de lembranças com bebida, tenta encontrar em vão uma cartola que é: igual ou como aquele boné.

Um comentário:

  1. Ah adorei!!Me manteve presa! Que conto legal! Estou torcendo pelo coelho até agora.Que mágico sacana.A parte que você fala como o coelho ficou vermelho me lembrou muito Peter Pan.Vc se inspirou ali não foi?A Sininho ficava vermelha quando ficava com raiva e tal.Fadas são muito pequenas para sentirem várias emoções de uma vez.É só uma fada.Gostei d aparte em que vc fez uma intertextualidade com aquela música do Chico Buarque(eu acho que é dele)-Agora eu era heroi.
    Mas pq ele virou alcoolatra? Sacanagem!hahaha

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