29 de março de 2011

Os homens

Admito que não fiz suficiente esforço. Acho que mereço mérito pelas últimas vezes em que me enfeitei. Sempre que quero ser sincera; eu juro, tento me controlar. Veja só como fiz de tudo para evitar que dessem nome de desespero a minha sensata vontade. Mas não consigo me desfazer das minhas gracinhas batidas e de toda a vulgaridade. Eu não tenho corpão e a minha fragilidade nunca caberá naquela conta que eles resolvem pagar.

Eu não tenho qualquer coisa além da beleza. E ainda me falta comedir as palavras e os gestos. Esconder minhas polpas. Desfilar minhas roupas. Fingir que não quero tirar, pra depois acertar sem ensaiar. Pois é isso que se espera.

Eu tenho um amigo antigo que faz quase tudo o que eu peço. Tem que ser em tom de provocação porque a nossa relação é assim. Não tem hora, nem data marcada; encontrar com ele é como falar sozinha e aguardar que os outros te proponham o suicídio. Sempre pede meu olhar mais atraente.

Na verdade é um ensaio. Eu vou fazendo pose enquanto ele me treina. Prefere mesmo olhinhos de Baby e linguinhas de Joey. Desconversa pra me fingir de inteligente. Me interrompe pedindo preu escolher uma das mãos. Mas o caso é mais o sorriso condenando ambas escolhas. Alí eu sou do tamanho que ele deseja.

Vai preferir a calmaria à brutalidade, sem se desfazer da safadeza. Ele venera todas as outras mulheres e eu não me importo, se ele lembrar de como eu gosto do matte pela manhã. Ele não é gay, mas ele não é real.

...

Pedrinho aparece, que entender o sexo oposto é como fingir que entendeu.

12 de março de 2011

Te sus no homi

Hoje vi um menino morrendo enquanto o povo gingava. No rosto dele tinha um suor de dor e na mão da morena um pandeiro. Quem marcava era ela e o branquelo sambava e mulato morria e o povo sorria.

Ontem vi um povo morrendo sei-lá-do-quê. Parei no bar e tinha terra em todo lugar. Tinha lama até em mim, que o fortão ontem fez questão de espalhar. Pedi o copo e pedi pra ir. Eu vejo o mundo que me vendem e ninguém quer comprar o meu fim.

Amanhã eu quero ver tudo dourado. Não vai ser de festa, nem à prêmio. Pode não mesmo secar terra nenhuma. Faz não molhar demais nem o cerrado. Isso não é amor, não é meu grêmio. É um preto a rezar sem uma pluma. Prum carnaval sem fome e sem frio. Sem homem e sem rio.

9 de março de 2011

When I'm home, everything seems to be right

Hoje eu deixei toda a auto-estima baixar de novo. Mas não adiantou, que o sol raiou e meu Alto ficou com cheiro de Rio da Anna. Aí tocou um sambão que eu nem selecionei. Ancorou em mim uma calmaria marítima e foi gostoso que nem caetanear. E apesar deu ser o alvo do plano diabólico das seleções musicais ao redor do mundo, deixa tocar Fab4 que eu nem me importo se cair cerveja em mim.

Chama um gatinho pra tocar guitarra, que desses tem aos montes por aí. Coloca uma blusa bacana, enfeita tudo de néon, não vai ser dificil recompor a produção. O complicado é juntar tanta galera bonita. Um monte de cara maneiro, acompanhando a música bem assim como eu. E no final do segundo verso de Come together o now é tão malandro quanto qualquer sorriso da gente. Tão carioca quanto dava vontade de ouvir.

A vida é assim mesmo... Ouvir música boa, em ritmo de batucada, de camiseta e shortinho, enquanto o tio ensina a criança a tacar serpentina. A garotinha sentada nos ombros dele só quer mesmo é gritar Help como se estivesse esperando pra morfar. Que nem ela tem um casal de carnaval. A garota e o garoto que sempre se encontram sem querer na Voluntários. Acabaram indo pro mesmo bloco que os amigos em comum e ... Come on and twist a little closer now.

Pros conterrâneos dá pra descrever o sentimento de voltar. É só olhar o bloco entre duas ruas de Botafogo e o Cristo encoberto, enquanto a chuva não tira calor nenhum. Enquanto quem reclama de claustrofobia vai fazer o mesmo no ano que vem. Enquanto o muleque que chega na sua melhor amiga vai fazer o mesmo no ano que vem. Enquanto a tia na varanda com a camisa do Brasil e a máscara do Ronaldinho;

Quem não sai de lá bêbado, sai alegre. Sai puto, sei lá. Sai de lá e liga pros amigos perdidos na multidão. Quando todo mundo se encontra vem a melhor parte: partir dalí prum buteco fuleiro. Quem é da Tijuca aproveita que o metrô tá funcionando 24h. DesXvia de unsX carasX susXpeitosX. Mas relaxa, que ta com os amigos, que ta no Rio.

Relaxa, que esse foi o texto mais folgado que eu já escrevi.