29 de março de 2011

Os homens

Admito que não fiz suficiente esforço. Acho que mereço mérito pelas últimas vezes em que me enfeitei. Sempre que quero ser sincera; eu juro, tento me controlar. Veja só como fiz de tudo para evitar que dessem nome de desespero a minha sensata vontade. Mas não consigo me desfazer das minhas gracinhas batidas e de toda a vulgaridade. Eu não tenho corpão e a minha fragilidade nunca caberá naquela conta que eles resolvem pagar.

Eu não tenho qualquer coisa além da beleza. E ainda me falta comedir as palavras e os gestos. Esconder minhas polpas. Desfilar minhas roupas. Fingir que não quero tirar, pra depois acertar sem ensaiar. Pois é isso que se espera.

Eu tenho um amigo antigo que faz quase tudo o que eu peço. Tem que ser em tom de provocação porque a nossa relação é assim. Não tem hora, nem data marcada; encontrar com ele é como falar sozinha e aguardar que os outros te proponham o suicídio. Sempre pede meu olhar mais atraente.

Na verdade é um ensaio. Eu vou fazendo pose enquanto ele me treina. Prefere mesmo olhinhos de Baby e linguinhas de Joey. Desconversa pra me fingir de inteligente. Me interrompe pedindo preu escolher uma das mãos. Mas o caso é mais o sorriso condenando ambas escolhas. Alí eu sou do tamanho que ele deseja.

Vai preferir a calmaria à brutalidade, sem se desfazer da safadeza. Ele venera todas as outras mulheres e eu não me importo, se ele lembrar de como eu gosto do matte pela manhã. Ele não é gay, mas ele não é real.

...

Pedrinho aparece, que entender o sexo oposto é como fingir que entendeu.

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