13 de maio de 2015

ROTA


Eu tô desistindo pouco a pouco. Não tem mais saída e escrevo para me desculpar um pouco por vender essa armadura que você emprestou tão carinhosamente. A grana é para uma passagem e uns cigarros. Eu desisti de lutar e vou voltar pra estrada.

Eu desisti dos cigarros e tô comprando uma nhá benta frutas vermelhas da marca mais cara. Para poder mesmo experimentar a marca mais cara. E depois de tomar o trem e me ver sem nada eu vou vender aquela nossa ideia de filme.

E vai virar um sucesso. E não vai dar pra dividir um direito sequer com você. Porque você arranjou uma mulher bem certinha, teve uma criança linda e ainda batalha pra ser algum tipo de artista que não é.

Enquanto eu ainda tentava conheci um cara que é artista de verdade. Ele me fez desistir bastante de tentar. Foi quando o mapa virou mais obra de arte. Mas eu não vou vender esse mapa não. Porque eu talvez ainda ame aquele cara. Porque talvez ele nunca tenha me amado.

Nessa grande missão de vencer a mim mesma parece que a fase não passa. Mas eu tô sempre ganhando vidas.

Mas eu tô desistindo pouco a pouco. Eu nunca gostei de maracujá e a próxima nhá benta vai ser justamente essa.

Da-marca-que-eu-bem-inventar.