9 de setembro de 2013

É por eles que vou me apaixonar

Agenor não faz ideia. Deve conversar com outras duas garotas além de mim. Eu converso com outros sete caras além dele. Por amizade, por sexo e na maioria das vezes pra treinar a minha habilidade de responder coisas divertidas num curto espaço de tempo. É como se eu fosse um hamster que acaba de entrar na roda
.
Agenor tem seu charme e nenhum animal de estimação. Não entendemos muito bem o porquê de manter uma relativa distância enquanto discutimos questões calorosas, mas deve ter a ver com a física quântica. Faz parte do léxico complicado das coisas não ditas. Deve estar explicado na mesma enciclopédia que me fará entender qual a nossa dificuldade com toques e cumprimentos.

Ninguém nem imagina, mas eu sei que todos sabem. Agenor e eu somos apenas amigos. Somos menos amigos todas as vezes que por menos de três segundos me imagino mais perto da boca dele. Mas ninguém nem imagina. E eu sei que todos sabem.

O que sinto por Agenor não é bem amor. É menos que paixão e mais quieto que um furor. Um dia o meu bem partiu e foi Agenor quem ficou. Escutando a minha espera. Cada sorriso meu de saudade ele acompanhou. E sorriu de volta. E de voltar que dia desses me declarei viúva.

Posto isso caso com Agenor e volto para a realidade florescente do meu computador. Qualquer chat virtual me permite criar um verdadeiro amor enquanto eu finjo que não vi o Zeca passando de bicicleta. Finjo que não o vi quando ele estava bem ali. Ficamos eu e Zeca nessa fofoca sem dar uma bitoca meio que numa lorota a enganar o Agenor.

Deixo os dois pra lá. Essa era da internet é boa que não me compromete que eu compro um monte de cassetes e é por eles que vou me apaixonar.

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