Agenor
não faz ideia. Deve conversar com outras duas garotas além de mim. Eu converso
com outros sete caras além dele. Por amizade, por sexo e na maioria das vezes
pra treinar a minha habilidade de responder coisas divertidas num curto espaço
de tempo. É como se eu fosse um hamster que acaba de entrar na roda
.
Agenor
tem seu charme e nenhum animal de estimação. Não entendemos muito bem o porquê
de manter uma relativa distância enquanto discutimos questões calorosas, mas
deve ter a ver com a física quântica. Faz parte do léxico complicado das coisas
não ditas. Deve estar explicado na mesma enciclopédia que me fará entender qual
a nossa dificuldade com toques e cumprimentos.
Ninguém
nem imagina, mas eu sei que todos sabem. Agenor e eu somos apenas amigos. Somos
menos amigos todas as vezes que por menos de três segundos me imagino mais
perto da boca dele. Mas ninguém nem imagina. E eu sei que todos sabem.
O que
sinto por Agenor não é bem amor. É menos que paixão e mais quieto que um
furor. Um dia o meu bem partiu e foi Agenor quem ficou. Escutando a minha espera.
Cada sorriso meu de saudade ele acompanhou. E sorriu de volta. E de voltar que
dia desses me declarei viúva.
Posto
isso caso com Agenor e volto para a realidade florescente do meu computador. Qualquer
chat virtual me permite criar um verdadeiro amor enquanto eu finjo que não vi o
Zeca passando de bicicleta. Finjo que não o vi quando ele estava bem ali.
Ficamos eu e Zeca nessa fofoca sem dar uma bitoca meio que numa lorota a
enganar o Agenor.
Deixo os dois pra lá. Essa era da internet é boa que não me compromete
que eu compro um monte de cassetes e é por eles que vou me apaixonar.
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