Um
banheiro de pastilhas cinco por cinco nas cores amarelo, azul, verde, vermelho
e branco. Sem qualquer formalismo. Podendo fazer o desenho que for.
Um belo
dia acordam no teto dois pelados. De cabeça pra baixo ficam supondo as inúmeras
possibilidades de figura e fundo que o colorido promove. De tanto ele olhar praquela
florzinha igual a do anel dela que ela aposta que está bem na direção da ponta
do pé esquerdo. Ele diz que está com quadradinhos coloridos nos olhos. Ela ri e
fala que é a quantidade de anfetamina na cabeça dele.
Ela
ganha um beijo atrás da orelha. Cai uma lágrima.
O chão
do banheiro tá ensopado. Cozinhando uma infelicidade.
Ela quer
alcançar o telefone da emergência boiando lá embaixo, mas a gravidade não existe
mais. O frio na barriga não tem mais o gosto daquela pele cheia de sal. A água
toda é menos úmida, mais insossa.
Ela fica p(a)irando no teto. Tenta encontrar ele lá embaixo.
Espera o
momento que um braço vá emergir e puxar uma cordinha que a despenque. E que ela
caia na água. Sinta o corpo dele. Que eles façam na piscina. Que toque o que há
de mais cafona dos anos 70. E nunca mais a ressaca vai ser tão ruim quanto tem
sido.
Um
banheiro de pastilhas cinco por cinco nas cores amarelo, azul, verde, vermelho
e branco.
Nele toda a loucura faz sentido.
Fora
dele eu to perdida querendo encontrar a chave dele de mim.