26 de novembro de 2013

Enquanto eu faço um remédio da minha cabeça

Um banheiro de pastilhas cinco por cinco nas cores amarelo, azul, verde, vermelho e branco. Sem qualquer formalismo. Podendo fazer o desenho que for.

Um belo dia acordam no teto dois pelados. De cabeça pra baixo ficam supondo as inúmeras possibilidades de figura e fundo que o colorido promove. De tanto ele olhar praquela florzinha igual a do anel dela que ela aposta que está bem na direção da ponta do pé esquerdo. Ele diz que está com quadradinhos coloridos nos olhos. Ela ri e fala que é a quantidade de anfetamina na cabeça dele.

Ela ganha um beijo atrás da orelha. Cai uma lágrima.

O chão do banheiro tá ensopado. Cozinhando uma infelicidade.

Ela quer alcançar o telefone da emergência boiando lá embaixo, mas a gravidade não existe mais. O frio na barriga não tem mais o gosto daquela pele cheia de sal. A água toda é menos úmida, mais insossa.

Ela fica p(a)irando no teto. Tenta encontrar ele lá embaixo.

Espera o momento que um braço vá emergir e puxar uma cordinha que a despenque. E que ela caia na água. Sinta o corpo dele. Que eles façam na piscina. Que toque o que há de mais cafona dos anos 70. E nunca mais a ressaca vai ser tão ruim quanto tem sido.

Um banheiro de pastilhas cinco por cinco nas cores amarelo, azul, verde, vermelho e branco. 
Nele toda a loucura faz sentido.                                                                                                 
Fora dele eu to perdida querendo encontrar a chave dele de mim.

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