8 de dezembro de 2009

Muitos diálogos: Pode contar até trinta



Ai de ti! Achou que muito me conhecias e o muito é pouco pra ti. Nada me conheces. Estou na próxima página fazendo mistério pra outros perdidos.


Como vai? Sinto uma nada falta. Sou diferente daquela do minuto anterior. Sou incogniscível. Mistério puro, sem mistério algum. E vou lhe revelar;


Que coleciono as pedras, os bombons, um tanto de cetim. Nada de presente, tudo em minha cabeça, tudo fantasia. Vou me transformar numa que não sou e todo mundo vai acreditar.


Menos você. Que eu já te contei tudo. Que eu vivo de fingir e que é o que mais gosto. Que nada me algema, nem nada me enlaça. Mas tudo me prende e me devora. Quero as tais prendas que me prometeras...


Prometeu? Nada me prometeu. Em mim não há Prometeu, só a loucura. A alucinação de que nada é como quero e tudo deveras ser. Nosso compromisso é uma insanidade que conforta e inquieta. O comprometimento é uma lástima. Me torna mais sã; aos olhos dos cegos mais louca.


Porque ninguém compreende o sentimento. Todos buscam bem-ser ao invés de bem-estar. Talvez esta seja a chave do amor. Ainda digo tantos sim quanto posso. Os meus conhecidos acham que digo de mais, mas eles que dizem de menos. Menos noitadas boas então.

(risos capciosos) Pra que a meia luz? (risos que intimidam)

Porque é melhor assim. Bom seria se me imaginassem exatamente como sou... Sei, no entanto, que na penumbra descobrem outras silhuetas que não as minhas. Viro rival desta aqui que sou. Sobrevivo cantando coisas bonitas, cantando quem me possui.

Esse papo libertino camufla bem meu bem-estar. E vira meu bem-ser. Daí escrevo muito, pra que todos acreditem que são um; e o único. Que na verdade são; não faz mesmo diferença. Meu folhetim é infinito de páginas.


Um comentário:

  1. bom, pelo menos agora você está mais alegrinha...
    (o que que uma faculdade particular não faz com as pessoas, né?)

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