18 de março de 2010

O texto e eu. E meu amante: o filme.

Descobri que a descendência do hipertexto é o cotidiano de uma geração plugada. Eu ia falar que estamos todos na mesma vibe, mas isso só é consequência do modo on no qual vivemos. Novamente peço que não levem em conta a prepotência desta que vos esclarece as coisas. Entremos numa onda de que só a nossa geração mesmo viveu essa vibe até agora. Meu palpite é o de que nossos avós se reprimiram, nossos pais piraram e nós fingimos que estamos doidos depois de dois goles de Ice. Eis uma palpitáfora.
Mas hoje só eu vi um filme que tinha tudo a ver com uma crônica que só eu li que refletem essa vidinha que só eu vivo. Não foi apenas meu coração

- um dia eu assiti um filme indicado por um amigo e tive a sensação, no decorrer das cenas, que meus batimentos funcionavam de acordo com a velocidade de rpm do dvd; eu penso até hoje assim -

Não foi apenas meu coração que acelerou daquele jeito que nem nos filmes que agente quer entrar. Foi que o o mocinho é o Tom Hanks indie e desacelerado como a gente gosta. A mocinha é o parceiro cheia de opinião pela qual nós esperamos que eles fiquem encantados. Foram os inúmeros diálogos. O para-brisa limpando a marca de batom no vidro do carro [como as caixas de tic-tac caindo do correio]. Foram as boa referências musicais. New York. Talvez até o final feliz.

O estímulo interessante causado por breves minutos de êxtase me fez pensar sobre o adeus. Dizem que tudo começa quando conhecemos um alguém, como aquele álguém com o qual a infinidade de palavras beira a preocupação abismal de que nada pode dar errado. O vocábulo oi é o então adeus. Buscamos nada mais que a superação da barreira. Ou do absimo. 

A pessoas que está diante de nós, se também interessada, se desfalece. Renasce em quem ela é. Nos encantamos duplamente: pelo ausente que se faz presente, como pelo passado que se faz ausente. Trair o que primeiro sentimos, para poder sentir o que verdadeiramente somos. Ou continuar conquistando mais, se envolvendo menos.

Lá está um primeiro beijo de adeus. Graças a Deus. Querer iludir o público dizendo que essa segunda pessoa é uma dádiva é uma besteira. E uma possibilidade. Mas aí eu fico com vontade de viver isso. Que é só um filme. 

Lá estão os perfis do gênero da gente (ok, pode ser que ninguém concorde comigo). Uma mulher deitada em coma achando que vive. A outra que desliga a televisão quando depois de zapear os canais encontra um filme só seu. Nada de infinito e eutanásia. O lance é buscar essa noite de amor e música. Buscar pra valer.


Um comentário: