2 de dezembro de 2010

O anúncio de um novo blog

... 29 de novembro de 2010 ...

Hoje eu vi um grupo de garotos e garotas sentados num campo coberto de neve. Era final de tarde, já estava escuro, a noite num preto e laranja mais claro que no Rio. Lá estavam eles a jogar bola de neve um no outro, se auto-fotografando no celular, numa paquera que eu nunca vi igual. Foi bonito ver; eu quis chegar perto pra puxar papo. E talvez essa magia seja como tomar cerveja em algum baixo carioca. Zona Sul chia, mas é a mesma sensação na Zona Norte. A curtição dum dia de inverno tá pra mim como o que nenhum gringo entende das nossas conversas sacanas na beira da praia e do bar. Eu fui cruzando a esquina encantada.

... 26 de novembro de 2010 ...

Hoje quem estivesse passando pela Jardim Botânico do lado oposto ao Baixo Gávea às dez da manhã poderia ver a minha calcinha. Pra quem não estava lá, ela era bege e sem costura, de tamanho médio que eu odeio coisa apertada. Eu corria pra pegar o 438, pois algo me dizia que aquele não seria queimado. O momento não era nem muito especial – perguntem aos meus vizinhos de janela e colegas de palco – mas valia a pena ver a minha troca rápida de expressões faciais. Foi um momento marcante de uma despedida que semi-aconteceu. Vinte e quatro pics para se desesperar, para malandramente resolver o que está errado, para se atrapalhar resolvendo, para se preocupar com o que os outros vão pensar da minha roupa íntima, para fingir que não me preocupo, para aproveitar o fingimento para um exercício teatral, para me tocar de que estou partindo para o outro lado do mundo, para de verdade não ligar se alguém estava me reparando. Talvez fosse uma boa dica de entretenimento se dada com antecedência. Por isso que vou fazer cinema.

... 29 de novembro de 2010 ...

Hoje quem estivesse passando pela Northwood Road do lado oposto ao Costa Café às seis da tarde poderia ver meu rosto choroso. Pra quem não estava lá, era vermelho sem blush, com os lábios meio brilho-meio rachado, a boca tremendo de frio. Eu caminhava observando uma galera se divertindo. Eu parava pra ver a neve caindo em mim. O momento era muito especial – perguntem aos vizinhos de quarto e aos colegas de curso – mas valia mais a pena sentir o mesmo que eu sentia naquela hora. Foi um momento marcante de uma chegada que ainda ta acontecendo. Vinte e quatro quadros para se desesperar com o frio do lado de fora, para afundar o pé na neve, para sacar a chuva de caspa de São Pedro, para ficar confusa para qual lado olhar antes de atravessar, para sentir saudade dos amigos, para ponderar tristeza e felicidade, para descobrir que se chora por algo mais que somente esses dois sentimentos. Por isso que vou fazer psicanálise.

Um comentário:

  1. Fiquei arrepiada ao ler.. vc sabe que vai poder fazer psicanálise comigo, né? E de graaaça, olha que maravilha hahaha
    Aproveite muito ai, deixe a neve escorrer no seu rosto e caso leve uma bolada, sorria.. essa sensação com certeza não tem preço=)

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