4 de junho de 2010

A questão é só de dar, a questão é só de dor

Ta, vai dormir. Fecha os olhos (tem gente que dorme com eles abertos). Deixa as vozes e as imagens do seriado favorito se misturarem com as do seu inconsciente. Percebe como os cílios enlaçam essa mistura, parece um processador. Agora dorme.

Vejo uma nuca e uma mão.

Acorda. Lembra de uma aula de Gramática, de Cinema, de Vida, do que for. Chega às pressas, procura os amigos pra sentar perto. Vê uma nuca, uma mão e uma boca. Roendo unha - ignora a porqueira, ignora tudo. Senta atrás. Enquanto um monte de gente famosa canta e encanta, seu olhar passa uma cantada deslavada no encanto da mão na nuca, da mão na boca.

Fecha os olhos. Ouve que há sempre um novo amor a cada novo amanhecer. Lembra da boca que hipnotiza e abre um olho. Fecha em seguida, porque a nuca percebeu e se contorceu. Parece até que você piscou. Que a nuca ignorou ou se assustou. Abre os olhos, que tem que prestar atenção na aula.

Tenta resistir aos charmes da boca, porque a mão e a nuca estavam quietas. Essa boca é simples, mas incorrigível, tentadora. Presta atenção na aula!

Intervalo. Quando desce a escada quem ta lá embaixo? Te encarando? A boca.

Sorri um sorriso desmerecedor daquela boca e fala. Como uma bailarina fantasiada do avesso, dançando sem harmonia, mas com a mesma forma suave a bailar. Lá está a boca linda a sorrir do avesso, falar sem harmonia, mas com a mesma forma suave a bailar. Quem resiste?

Volta pra cama. Liga a TV pra dormir. Bora sono! Processa aquela boca na minha... mente.



Nenhum comentário:

Postar um comentário