6 de abril de 2010

Ciência, política e amor

10 de novembro de 2009


A costa leste em um harmônico breu. Outros podem ter optado por uma interpretação mais pessimista daquele BO, mas eu estava bem de calça jeans, pizza e carona. Bem com os que resolveram bem sumir, bem mal fazer às lembranças de um tempo como o melhor. O filme do passado parece mais palpável do que isso que estamos tentando gravar. Esse ensaio de uma complicação interna difusa calçada em birrinhas de amigos eternos.



Vou então me apoiar na memória. De uma terça de Domino's no Humaitá com uma galera meio doida que te faz feliz sem querer. Foi quando tudo apagou e além dos blacberryS multicoloridos sobravam pontos de luzes (nem néon, nem quimicamente instáveis) aguardando pacientemente um novo Big Ben.




O fim do mundo era uma fantasia gostosa de embarcar que correu veloz pela Epitácio Pessoa. Os cinco/quatro sobreviventes tentavam capturar imagens entre o preto e o cinza de uma noite muito quente e sem chuva. Depois nós varamos a noite conversando. Depois estávamos eu e um parceiro comendo besteira num posto de gasolina, esperando o túnel ficar seguro de passar. Dentro do Rebouças eu avistei o outro lado de um espaço psicológico; deu uma vontade infinita de fazer o tempo parar.


05 de abril de 2010

A janela do ônibus pintava umas coisas bonitas de ver. Uma cachoeira translúcida, um pinguço sem camisa no meio da Jardim Botânico nadando contra a lucidez, o braço esquerdo do Cristo borrado. E de fora, agente sabia que dava pra ver um grupo de jovens que transformava a maior enchente dos últimos anos, numa máquina de fazer o tempo passar rápido.



Notícias sobre um carro alagado. Mais tarde o panorama do purgatório do caos. Enfim, a condenação superficial, e nem por isso injusta, de um bando de babacas. Os que nada fazem, os que fazem errado, os que não votam, os que votam errado, os que reclamam e os que ficam calados. A solução persevera no reclamar, votar e fazer, por saber que o nosso Redentor não cruza os braços.


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A tela que pintei contava uma história de amor. A menina nuinha aos trancos e barrancos; em pingos; no ar, querendo te arrancar a razão. O moço se derretendo, se contorcendo, tentando ficar empezinho. Um vivo pelo outro, pois se tinha chuva e temporal, todas as casas iam correndo acender suas velas.


Numa mistura de percepções eu te enxergava perfeito. Cada detalhe bagunçando a tradução dos meus sentimentos. Olhava pra água correndo no meio-fio e era assim como eu passando irredutível ao nosso redor. Rompiam-se todas as barreiras, se tinha jeito pra tudo.


Uma brisa forte entrou pela janela. Todo mundo percebeu, todo mundo se arrepiou. Quem veio com o vento foi a água, sem pedir licença, tomando tudo. E com a volubilidade que lhe é peculiar criou um balé fantástico ao redor da chama. A vizinhança toda iluminada. Todo mundo brindando a tempestade, de frio e calor, de água e fogo, de amor.

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