18 de março de 2013

O gosto do gasto

Estou escrevendo uma carta para os meus dezessete. O mundo é muito cheio de mudanças climáticas e eu preciso preveni-la. Entre as drogas e a prevenção sexual deveria estar o aquecimento global na lista de preocupações dos meus pais. Tudo o que é de aquecer fez uns estragos imensos nos últimos anos.

No entanto, a pequena de dezessete não teria evitado tamanho degelo de calota polar.

Escrevo mais para que ela pare de buscar as palavras certas. Aprendi que nada comprova mais a lei da inércia do que a força que faço pra tentar combiná-las em vão. No banho o mundo fica mais frio e mais quente. No banho eu consigo arranjar perfeitamente todas as frases feitas que eu preciso te dizer.

Mas fora dele não.

Talvez eu recite uns versinhos em espanhol pra contar como foi descoberto o eixo errado do mundo. Uns em francês por amor. Uns em português pra desmentir que sei falar outras línguas. Nada deve perder seu mistério e eu mesmo não quero que ela deixe de aprender.

Mas Deixa estar.

Que a banda acaba, o show continua e o meu banho ta servindo pra organizar os pensamentos.

E pra fingir.

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