Dar ou não dar. A questão é por quanto tempo prolongar.
Fodam-se os meus desejos. Foda-se a minha vontade. Deixa descobrir que a transa
poderia ser boa sem que ela de fato tenha vindo a ser. E é o século 21. E eu
ouvi faz tempo que não era pra dar de primeira.
Passei uma vida questionando esse princípio. Acreditei por
muito tempo na magia do momento; em situações isoladas que me renderiam
momentos incríveis. E renderam. Mas eu falo de uma permissividade. O
permitir-se que exige bem mais coragem do que a decisão de dar ou não a xoxota.
Comer depois de já ter experimentado é o poder que o homem
se permite ter de levantar ou não a saia. É uma hipocrisia do caralho. E eu
deveria ter entendido isso faz tempo se o meu lance era fazer render aquele
brigadeiro que por um milagre esteve no ponto. De presente de aniversário eu
ganhei a ideia de não dar de colher na boca de ninguém.
Combinei com um amigo de tentar essa experiência. Um que já
me comeu de primeira vez. Mas é que eu precisei chegar à vez de número “menos um” pra
entender que o mundo disfarçou uma entrega. Que é bem bacana e cool ser
moderninha e se render ao desejo de momento. Mas nunca será tão transante investir
num jogo que não é o homem que sai ganhando.
Uma palma e meia para os que continuaram a sair depois de um
sexo de primeira vez. A metade de palma que falta é esse suspiro de consciência
por amostragem: eu já dei pra sete caras de primeira. Somente um quis continuar
me comendo.
É. Meu sexo é ruim e esse é o relato de uma mal-comida.
Eu vou discutir o apelo social e sexista da questão já que eu não posso
estuprar um cara. E nem quero.
Faz tempo que eu entendi que o sexo é bom quando a gente
quer. E ponto. Enquanto isso a sociedade tenta me convencer a baixar a mão do
cara que tenta invadir a minha pélvis.
Só que da próxima vez eu resisto.
Maravilhosa como sempre!
ResponderExcluirQue delícia ler o que você escreve!
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